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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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31
Jul22

1, 2, 3, chegou a minha vez


João Silva

Aproveitando o repto lançado pela Diana Carreira há um ano (!!!), hoje chegou a minha vez de responder às perguntas que faço na rubrica de entrevistas. 

Afinal de contas, não é todos os dias que se fazem 34 anos.

 

Nome

João Silva

 

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Foto: Treino em julho de 2021

· Idade

34 anos (feito hoje)

· Equipa

ARCD Venda da Luísa


· Praticante de atletismo desde

Dezembro de 2016


· Modalidade de atletismo preferida

Corrida em estrada

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Foto: Corrida 4 estações com a camisola da ARCD Venda da Luísa em 2018


· Prefere curtas ou longas distâncias

Resposta que nem obriga a pensar muito: longas distâncias.


· Na atual equipa desde

Setembro de 2018

· Volume de treinos por semana

Treino todos os dias. Procuro ajustar em função dos objetivos. Nivelei o meu volume por baixo após a minha lesão no ano passado (síndrome do músculo piriforme), mas ronda 1 hora/1 hora e 30 minutos de corrida por dia e 10 a 20 minutos de reforço muscular 5 vezes por semana.


· Importância dos treinos

Para mim, os treinos são praticamente tudo. São o laboratório e a clínica de tratamento ao mesmo tempo. Ou seja: permitem experimentar e melhor as técnicas de corrida e a resistência a pensar em determinada prova e ainda são o elemento de recuperação muscular ativa. Criam resiliência e dotam-nos de ferramentas para lidarmos com as dificuldades das provas.

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Foto: Castellum trail em 2018, ainda com a camisola da Casa do Benfica de Condeixa


· Se tem ou não treinador

Não tenho. Sou eu próprio. Reconheço a importância de ter um, sobretudo, para me manter na linha, porque sofro de algo que não é comum em muita gente: tenho dificuldade em parar de treinar, o que acaba por ter um efeito diferente do pretendido. Mas também sou muito autocentrado e procuro ser eu a determinar as diferentes fases do meu treino, o que, sendo honesto, não correu muito bem no último ano e meio.


· Diferenças existentes entre o atletismo passado e atual

O meu passado no atletismo remonta apenas a 2016, logo, não tenho uma perceção mais abrangente. Ainda assim, é fácil de constatar o óbvio: há cada vez mais mulheres. É algo de refrescante. As próprias mulheres também trabalham melhor a corrida. Do mesmo modo, há cada vez mais atletas, porque, está na moda. E os atletas amadores estão mais bem dotados de técnicas e de exercícios de reforço muscular. 

Por último, há cada vez mais provas. Aqui, confesso que não consigo perceber se é algo muito bom, porque torna banal a modalidade e cria uma febre desnecessária para se participar numa dada prova em detrimento de outra. Além dos custos exorbitantes de todas elas, apesar da imensidão de ofertas (o que é, na verdade, um grande paradoxo do meio).

· Histórias insólitas, curiosas ou inéditas

Após mais de três anos de blogue, é difícil ter uma história da corrida que não tenha sido relatada aqui. Seja como for, os meus encontros com cães e alguns sustos com relâmpagos e dilúvios em plena madrugada dão um bom cardápio. As "visitas" de ambulâncias de madrugada ou a sirene dos bombeiros perto das cinco da manhã no meio de uma tempestade também entram para esta caderneta de situações insólitas (e com um belo nível de medo à mistura).

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Foto: São Silvestre da Figueira da Foz, em 2019, na companhia do Ricardo Veiga e da Lígia Casimiro (e de um senhor "externo" e cujo nome desconheço)

· Aventura marcante

A minha primeira maratona . No Porto em 2018. Com a presença da minha esposa. Foi uma aventura mágica por ter sido o momento com que sonhava desde 2017. Estar rodeado de tanta gente na prova daquelas com um apoio monstruoso do público foi algo que jamais esquecerei. Foi a confirmação de que as maratonas são o meu palco. Não há nada que me dê mais prazer a correr.


· Participação em prova mais longa

Maratona. Oficialmente, já foram três. Oficiosamente já foram seis. Em treinos, já passei uma vez essa distância: fiz 50 km.


· Objetivos pessoais futuros

Tenho alguns sonhos na corrida. Parecem-me objetivos alcançáveis. São eles: correr 75 e 100 km em estrada, fazer as três maratonas do nosso país, fazer uma maratona internacional, correr uma maratona em 3h15 e, num futuro mais longínquo, correr a mesma distância em 3h00.

Noutras distâncias, tenho o objetivo de correr novamente 10 km abaixo de 40 minutos e de fazer meias maratonas em menos de 1h30. Neste patamar, sonho igualmente fazer o circuito de meias maratonas históricas do nosso país.

Não tenho uma data traçada para estas metas. Sei apenas o que quero alcançar.


· Como vê o atletismo daqui a 5 anos

Para a modalidade em si prevejo uma estilização do número de provas e de participantes. Perspetivo uma estagnação devido à pandemia e, por outro lado, auguro um aumento da transmissão dos eventos deste desporto. Acho que o marketing associado vai fazer crescer o preço de provas mais populares. Por último, acredito que as condições de "trabalho" das equipas de atletismo vão mudar para melhor. Haverá mais disciplina e organização.

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Foto: 1.ª maratona, em 2018, no Porto

 


· Como se vê no atletismo daqui a 5 anos

Na verdade, esse é um exercício que procuro não fazer, porque sempre acreditei que, a dada altura, ia perder a corrida da minha vida, já que era algo de extraordinariamente bem. Quando me lesionei, no ano passado, pensei muitas vezes que esta minha aventura tinha terminado. Felizmente, não foi o caso. Mas não sei como estarei em termos de forma e de treinos. Até porque a minha vida não tem sido uma história linear. Diria que a minha vida de corredor estará sempre dependente das minhas escolhas familiares e profissionais.

Diz-se sempre isto, mas vejo mesmo como o mote "enquanto dura, vida doçura". Em termos de desejos, gostava de estar num patamar de corrida capaz de acabar maratonas dentro de 3 horas (é muito ambicioso).

. O que mudou com a pandemia?

Em termos pessoais, fui afetado apenas pelo primeiro confinamento, mas, na verdade, o treino em casa já estava programado, porque a Diana estava numa fase avançada da gravidez e era necessário estar por perto. No segundo, já foi o caso e, como corri de madrugada, nunca tive problemas com multidões nem alguma coisa do género. Na verdade, tudo isto trouxe uma maior consciência dos germes que nos envolvem. E uma rotina de higiene. Em termosais abrangentes, houve uma interrupção das corridas e isso deu cabo das aspirações de muita gente. Felizmente para mim, isso não aconteceu.

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Foto: Meia maratona de Leiria, outubro de 2019

. Já participou em provas reais desde a pandemia?

Sim, mas há muito pouco tempo. Nunca me senti verdadeiramente em segurança para estar num ambiente com muita gente. Durante muito tempo, tive muitos problemas com o regresso à normalidade. Fiz duas provas virtuais, mas só recentemente é que voltei a participar em competições.

. O que vai mudar em termos de provas no futuro?

Honestamente, também acredito que haverá uma seleção natural de provas. Não me parece que vá haver pessoas e dinheiro para tantas competições. A organização também será mais clara e metódica. As partidas faseadas foram um bem maior de tudo isto. Acredito que, a dada altura, haja uma necessidade de restrição das participações apenas a pessoas vacinadas. Acredito que haja lugar para alguns não vacinados, mas julgo que serão "isolados" do grupo principal.

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Foto: Treino numa madrugada de verão em 2021

 

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