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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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28
Fev22

Um trail no meu quintal


João Silva

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Há sensivelmente três anos que não corria numa prova de trail. É sabido que me sinto extremamente bem a correr em estrada.

No entanto, este ano decidi dar-me um "miminho" e inscrevi-me numa prova que partia mesmo atrás de minha casa, o Trail de Sicó.

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Não ia a fazer projeções para tempos ou para competir. Ia apenas correr em serra, na bela serra de Sicó, que me vê treinar diariamente em estrada.

Depois da última prova de estrada, tive uma semana em que não consegui descansar muito. Houve muita atribulação e muitas noites mal dormidas. Em termos técnicos, fiz um treino intenso de subida, só mesmo com a ideia de "não vá eu ser surpreendido pela dureza da prova".

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Na manhã da prova, ou seja ontem, mais contratempos, regressos a casa antes da partida (que sorte ter a casa dois minutos de casa) para trocar de roupa, mais uma bela noite por dormir e ainda tive direito a chegar a pouco tempo do arranque.

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Estava descontraído, apesar de mal-humorado, porque sabia que ia "divertir-me".

A prova fez-se bem. Trail rolante, com algumas subidas duras e muitas pedras no caminho. O melhor de tudo foi ter encontrado um colega de equipa que não conhecia. Pela primeira vez, fiz uma prova do início ao fim com outro colega. Tínhamos ritmos parecidos. 

O que mais me agradou foi o facto de o Bruno também ser um fã(nático) por estrada. Na verdade, o Trail de Sicó foi o seu primeiro Trail.

E no fim de tudo, apesar de ter convivido muito pouco antes da prova, senti que percebi finalmente o lado mágico de um trail: o companheirismo e a entreajuda. Contam-se histórias marailhosas e partilham-se momentos muito bons. Na estrada, que eu adoro, este convívio é muito mais difícil. Pelo menos, para mim.

No que toca ao resultado efetivo, corri quase 15 km em 01:25:37. Ou seja: 69.º numa geral com 419 atletas. O que me importou mais foi o que ganhei: uma bela experiência, muita conversa e um "compincha" da estrada. Ou muito me engano ou terei muito a aprender com ele.

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27
Fev22

Primeiro cuida-se, depois educa-se!


João Silva

Quando se tem um filho, passamos o tempo todo a levar com o sermão do "tens de o educar" ou "se lhe dás muito colo, depois manipula-te".

Dei e dou todo o colo que posso. Mesmo nas noites em que quase caí com ele de tão cansado ou naquelas em que duvidei dessa necessidade de colo. Mesmo quando foi difícil e senti que estava a ceder a esse pensamento manhoso da sociedade.

Quando se é pai ou mãe, a perspetiva muda. E, entre outras coisas, houve uma grande lição que aprendi: primeiro cuida-se.

Falar em educação num bebé de meses é absurdo. Na verdade, diria que no primeiro ano de vida isso não tem qualquer cabimento.

Um bebé quer as suas necessidades satisfeitas e precisa de muito amor e carinho, porque, e isso está comprovado, esse é um enorme fator potenciador do bom desenvolvimento físico e neuronal. 

E o colo faz parte desse cuidado, se bem que ainda hoje desconfio que ele está nos meus braços mas que sou eu quem está ao colo.

Durante muitos meses não serve de nada dizermos "não" ou "isso não". Eles não percebem o significado do não durante muito tempo, muito para lá do primeiro ano. É outro ponto comprovado em termos cognitivos.

Portanto, de tudo o que já aprendi em quase dois anos, diria que cuidamos primeiro e educamos depois, na fase em que surgem as primeiras traquinices e tentativas dos bebés.

Mesmo nessa altura, de nada serve dizer que não ou mesmo ralhar, embora todos o façamos (não me excluo de nada disto). Importa é redirecionar o comportamento deles. 

Agora, com todo o desgaste e cansaço da missão, se me perguntarem se é fácil, terei de ser honesto: não e nem sempre conseguimos redirecionar.

Há a tese de que, no primeiro ano, importa manter o bebé vivo. Isso requer cuidado. A educação nada tem a ver com isso, nesta situação.

 

26
Fev22

Passada terrestre vs passada aérea


João Silva

O tema é denso e tem muita explicação técnica associada. No entanto, o meu objetivo neste espaço é levar o desporto, em particular, a corrida, a muitas pessoas. 

Portanto, não vou entrar em pormenores técnicos. Vou explicar sucintamente o que são estas duas passadas e depois deixo um vídeo com tudo muito direitinho para os mais aficionados.

Por norma, quando começamos a correr, o nosso corpo tem uma passada mais terrestre, mas junto ao solo. O calcanhar não levanta muito, tal como sucede com o joelho.

Para evoluirmos e chegarmos a um patamar diferente, precisamos de incluir exercícios que nos permitam levantar o joelho e que levem os calcanhares a tocar nos glúteos, por exemplo.

Um dos mecanismos para correr mais rápido é elevar mais os joelhos e alargar a passada.

Neste caso, falamos de passada aérea.

Aqui, em vez de termos as pernas pouco afastadas e de irmos mais colados ao chão, conseguimos palmilhar mais terreno e poupamos os nossos pés e tendões, que servem "apenas" como apoio rápido no solo. Este tipo de passada é desencadeado com o joelho e é também esta parte do corpo que desce primeiro na cadeia de movimento.

Quando virem alguma prova de corrida, reparem na forma de correr dos principais atletas. Verão que recorrem muito a uma passada larga e que elevam bem os joelhos.

Porém, não é fácil sair do primeiro tipo de passada para adotar o aéreo. Tudo isto requer muito treino e muita consciência da nossa forma de correr, porque a colocação dos pés é diferente. Um mau treino pode resultar em lesões graves, por exemplo, do joelho.

Conforme prometido, deixo abaixo um vídeo do IronUman, mais um francês, que percebe imenso da poda. Ele explica tudo ao pormenor:

 

23
Fev22

Roçou os 40' mas ficou nos 39' (outra vez)


João Silva

Não há duas sem três, já diz o ditado. Por um lado, parece que virou hábito (mas eu sei que não virou), por outro, custa a cada tentativa.

No passado domingo tive mais uma prova de 10 km. Foi em Coimbra e contou com 454 corredores e muitos caminheiros (foi a prova em que estive com mais gente até agora e confesso que me incomodou um pouco. Apesar de muita gente achar que sim, esta bodega ainda não terminou).

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 Voltei a fazer menos de 40 minutos aos 10 km e isso deixa-me muito feliz, mas também sei que foi por pouco, que baixei um pouco o nível entre os 7,5 km e os 8,5 km e que foi a prova mais dura de todas até ao momento.

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A prova tinha alguma dureza, sobretudo, pelas duas subidas no acesso à ponte Europa. Assim sabe melhor ainda. Dia bem soalheiro com muita gente a marcar presença e um Parque Canção bem recheado de desportistas.

Entre eles, bons velhos conhecidos da equipa e, claro, o bom amigo Filipe. É sempre um regresso aos tempos de ensino básico.

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Voltando à prova, tive algumas situações curiosas: primeiro, na inscrição colocaram-me na grelha C (para quem faz entre 45'-50'). É apenas um papel, é certo, mas já fiz mais de dez provas desta organização e, salvo erro, só por duas vezes fiquei acima de 45'. Não percebi, confesso. Qual o problema disto? Tive de partir mais atrás e isso é sinónimo de confusão para poder passar para zonas com menos gente. Felizmente, ouvi o Filipe e cheguei-me mais à frente.

O segundo ponto curioso: um dado colega de equipa, mais velho e que, até dezembro de 2021 sempre correu mais rápido do que eu e agora já leva quatro provas atrás de mim, deu-se ao trabalho de se vir meter comigo, sendo que a dada altura, meteu um "mas tu estás mais gordo do que há uns dois ou três anos, não estás?" (Não estou, chama-se massa muscular, não é relevante, mas percebi a intenção dele e só gostava que percebesse o mal que pode fazer a quem já passou por problemas de peso. Felizmente, nada daquilo me afeta agora. Foi só triste e, ainda por cima, sempre o vi como um grande atleta e como uma referência de corrida. É engraçado como as coisas mudam).

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Fica ainda a referência a alguma desorganização (reincidente) por parte da organização. Recorrem a sistemas de categorização dos tempos mas não têm em atenção os registos das provas deles. Seria muito mais fácil, porque se trata de muitos atletas que correm as 4 estações todos os anos. Mais um atraso de 10 minutos na partida. Estamos em Portugal, claro, mas não pode ser desculpa.

Já não é a primeira vez, mas senti que não se deu muita importância à obrigatoriedade de máscara. Isso estava escrito, mas houve muitos atletas a não usar. Por último, não percebo como é que uma organização oleada e estruturada não consegue ter chips nos dorsais. É tudo à unha e com base na boa fé...

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No fim de tudo, fica mais uma boa prova, um excelente domingo e mais um registo abaixo dos 40', num desempenho onde comecei muito bem e mantive um ritmo elevado até perto dos 07 km. Consegui, a dada altura, ir taco a taco com a atleta feminina do Marítimo e que foi a vencedora das mulheres. Aliás, em tom de orgulho, digo que consegui ir à frente dela desde os 06 aos 09 km. O que mudou? Ela cerrou os dentes e teve um desempenho extraordinário, foi sempre muito regular e, na verdade, foi o meu farol quando vinha atrás dela. Ela foi e é uma excelente atleta (estava a ser acompanhada pela Federação Portuguesa de Atletismo).

Moral da história: fiquei muito feliz, foi um percurso mais duro, mas consegui ficar em 38.° lugar num total de 454 corredores (fui o 17.° do meu escalão).

 

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21
Fev22

1, 2, 3, uma entrevista de cada vez


João Silva

Hoje temos na berlinda um antigo colega de equipa que sempre se pautou por grandes feitos. É das tais lebres de que falo tanta vez. O que não sabia era o tamanho do seu lado humano. E isso impressionou-me. Com a idade dele, não é um dado adquirido submeter-se a desafios em prol de causas humanitárias.

Ora leiam lá o que diz o André Monteiro e vejam se não tenho razão.

Mondego Ultra Trail 50km.jpg

Nome:

André Miguel Lameiro Monteiro

Idade:
29 Anos

Equipa:
VIKINGS TRAIL RUNNERS / CCR ALCABIDEQUE

Praticante de atletismo desde:

Pratiquei atletismo (Velocidade – 100m/200m) durante dois anos (2008/2009) na AAC, parei e voltei novamente na vertente “TRAIL” em 2015.

EGT - 49km (VENDA DA LUÍSA) - Subida para a Torre

Modalidade de atletismo preferida:
Entre Trail e Estrada, prefiro trail sem dúvida.

Prefere curtas ou longas distâncias:

Pergunta difícil, principalmente porque sempre tive melhores resultados em provas curtas, mas sem dúvida que as provas longas deixam sempre marcas e histórias para contar… por isso, acho que no geral prefiro as provas longas.
 

Na atual equipa desde a época 2019/2020.

Picos do Açor - VIKINGS TRAIL RUNNERS em um momen

Volume de treinos por semana:
Tenho semanas que nem treino, outras que treino 2 ou três vezes (Varia sempre muito).
Não sou uma pessoa que fica muito stressada com as questões de treinar a tempo e horas. Treino um pouco por sensações. Não sou um ATLETA, sou uma pessoa que gosta simplesmente de correr e desafiar-se.

Poiares Trail  - Numa época que só fazia provas

A importância dos treinos:
Obviamente que sem treino não conseguimos obter os ditos “grandes resultados” e eu contra mim falo. Poderia obter melhores resultados se treinasse de maneira correcta e com certos métodos. Treinar tanto o físico como o “mental” é importante no que toca a provas longas.

Diferenças entre o atletismo passado e o atual:
Existe bastantes diferenças, sem dúvida.
A escolha de material desportivo era menor no passado, a tecnologia no que toca a provas e ou treinos eram menor ou até nula (relógios para marcar tempos, por exemplo), menos provas para competir. Felizmente o desporto, neste caso o atletismo tem evoluído muito e acho que alguns atletas têm aproveitado bem essa evolução.

Prova Endurance na ilha do Faial juntamente com o

Histórias insólitas, curiosas ou inéditas:
Histórias tenho sempre muitas no que toca a provas longas, a mais insólita talvez tenha sido na primeira edição do TransPeneda – Gerês 165km, no alto da serra amarela ao anoitecer um cavalo (Selvagem ou não, não consegui precisar), puxou com a boca o capuz do meu impermeável e ia caindo para trás… o atleta que vinha atrás foi cerca de 2/3 km a rir-se do momento :P

Aventura marcante:

A aventura mais marcante para mim foi o TRANSMONDEGO, um evento solidário que eu criei em 2021 com o objectivo de ajudar uma criança (O SORRISODOAFONSO), tendo começado na praia do relógio da Figueira da Foz e acabado no Mondeguinho – Serra da Estrela, o que fez de mim a primeira pessoa a fazer o percurso da Foz até a Nascente (do Rio Mondego) de forma seguida (sem ser por etapas), com passagem pela Serra da Lousã e pela Torre da Serra da Estrela, num total de 170km.

PT281+ Ultramarathon - A exigência dos desafios c

Participação em prova mais longa:
PT281+ Ultramarathon foi a prova mais longa que fiz até ao momento.

PT281+ Ultramarathon - Se não Conseguir correr ..


Objetivos pessoais futuros:
O meu futuro é um pouco incerto, porque para além de motivação, preciso de resolver algumas questões relativas a lesões que tenho tido recentemente. No entanto, se continuar espero criar alguns percursos desafiantes e “eventos” solidários, deixando um pouco as “competições de trail” para outras pessoas e ajudando quem realmente precisa.

PT281+ Ultramarathon - Sozinho com os pensamentos.

Como vê o atletismo daqui a 5 anos:
Espero ver um atletismo mais evoluído (se assim for possível) e sem casos caricatos de pessoas que tentam a todo custo ganhar (Doping). No geral espero que seja uma modalidade que tenha mais participantes e com mais apoios das equipas e outras entidades externas.


Como se vê no atletismo daqui a 5 anos?
Daqui a 5 anos? Eu gostava de dizer que estaria na mesma apaixonado pelas longas distâncias e que estaria a percorrer o país por esses trilhos, mas não sou pessoa de fazer grandes previsões. Vivo um dia de cada vez, cabeça no ar mas os pés bem assentes no chão.
No entanto, daqui a 5 anos espero continuar a dizer que ainda corro.

Resumo de 2021 - 3 Momentos.jpg

Como é que a COVID afetou a evolução como atleta?

Para ser sincero, o COVID não afetou em nada a minha vida no que toca a treinar.
Antes da Covid já tinha deixado há muito o lado competitivo do trail.
Acho que a COVID afetou mais as pessoas que gostam de competir contra outras pessoas nas diversas provas que iam surgindo.

O que mudou nas provas com a pandemia?
Ora, infelizmente acho que esta é a pior parte.
Preços inscrições aumentaram, algumas organizações também se aproveitaram por haver poucas provas. Para ser sincero, poucas foram as provas que realizei “pós-pandemia”. Penso que houve maior cuidado ao escolher as provas e maior cuidado das organizações com os atletas.

Treino na Serra da Lousã - Porque nem tudo são p

17
Fev22

Ainda "ontem" fiz aquilo e "hoje"...


João Silva

Quando comecei a ler sobre corrida, deparei-me muitas vezes com a ideia de que correr bem é saber correr rápido e correr lento.

E sabem que mais?

Existe mesmo arte nisso e é algo que só o tempo nos ajuda a perceber.

A resposta está toda na preparação física e mental. Quando se traça uma prova como objetivo, todo o trabalho de treino e de recuperação é canalizado para aquele dia. Portanto, há todo um conjunto de ferramentas que vamos adquirir até lá. 

Chegamos lá e transcendemo-nos. Resultados históricos para nós, corpos no auge, hormonas nos píncaros. Nada superou aquilo. Mas foi um dia.

No seguinte, o corpo já não deverá ser sujeito àquele desgaste extremo. Regra geral, também não é suposto.

Aqui é que está a arte. No dia seguinte, quando o corpo está dorido e desgastado, o essencial é recuperar, seja de forma ativa com uma corrida suave ou de forma passiva. 

Da mesma forma que "ontem" corri a 3'56"/km, "hoje" tenho de o fazer a 6'00' ou a 6'22".

É normal. É bom que assim seja. Eu também demorei cinco anos a interiorizar esta ideia. Mas até por isso é importante fazer treinos regulares de velocidade.

O corpo pode e deve ser potenciado, não deve é ser explorado.

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15
Fev22

Um pai às voltas


João Silva

Regressamos ao tema da maternidade/paternidade.

O nascimento do Mateus há quase dois anos trouxe-me uma felicidade absoluta que nunca tinha conhecido nesta forma. 

No entanto, os primeiros meses foram de ajuste mental, tal como já disse neste espaço. 

Não pelo pequeno mas pela força das circunstâncias. Trocando por miúdos: a tarefa era dura e muito compexa. Na verdade, hoje não é menos exigente. Nada disso. A cada dia se torna muito mais desgastante. Quanto a isto, não há discussão.

As circunstâncias a que me refiro são o contexto que tive, eu próprio, como filho. Estes dois planos, aquele onde cresci e aquele em que ia fazer crescer o pequeno Mateus, trouxeram-me horas de desespero comigo próprio. 

E nós não conseguimos estar bem com os outros se não estivermos bem connosco.

Claramente foi algo pessoal. Em momento algum deixei de fazer, de procurar dar apoio à mãe e ao bebé. Porém, houve muitas horas de autossofrimento, de autodestruição. 

Demorei muito a perceber o valor e a utilidade que teria para os outros elementos desta família. O problema não veio deles, veio de um chorrilho de questões ligadas à minha infância e à minha realidade de crescimento.

Se juntarmos a isto todo o stress, o desespero de ter um bebé em casa e as infindáveis noites acordado, temos a combinação perfeita para dar transtorno. 

Antes de estabilizar a cabeça, andei a tentar matar fantasmas e acabei criar outros. 

Como sempre, a compreensão (nossa e de quem nos rodeia) e a aceitação tendem a aparecer com o tempo, esse agente mágico.

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13
Fev22

Uma semana, dois resultados próximos mas...


João Silva

Em Soure foi assim...

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Em Leiria foi assim...

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Nos tempos dos chips, a diferença entre provas foi de 20 segundos.

Parece insignificante mas revela algumas diferenças. Naturalmente, a primeira está na questão do percurso. O de Leiria era um pouco mais agressivo.

No entanto, a diferença substancial foi a seguinte: trabalhei bem de 1 a 22/01 e cheguei a Soure com a "convicção" de que ia baixar da barreira dos 40' minutos. A vida à minha volta não estava fácil mas permitiu esse meu foco. 

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Uma semana depois, o desgaste físico da prova de Soure fez-se sentir, mas foi na "vida social e privada" que tudo se tornou mais denso. Não tive tanta capacidade para impedir que isso me afetasse e cheguei a Leiria com a vontade de repetir o tempo da semana anterior mas sem a convicção. 

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E essa convicção faz milagres, acreditem. É a cola que liga a disciplina ao foco. É isso que tira aqueles pozinhos que temos escondidos.

A minha "sorte" em Leiria foi estar lá um pacer (marcador de ritmo) muito bom e de ter conseguido seguir na linha dele o tempo todo. Isso fez-me acreditar. Mas foi isso. 

Essa foi a razão que me deixou mais feliz em Leiria, porque não contava, achava que não daria. E é isso que escondem estes 20' de diferença.

 

11
Fev22

Os dias de merda podem valer ouro


João Silva

Alguém dizia há algum tempo que não se aprende com os momentos bons. 

Na verdade, nos dias bons a nossa disposição para refletir no curso das coisas não é muito grande. Ficamos vulneráveis perante o sucesso.

Transportando isto para o desporto, a ideia é simples: em condições ideais, um treino brutalmente bom terá sido o reflexo de coisas bem feitas. Portanto, se não tiver sido uma coincidência, nao haverá muito a mudar.

Por outro lado, os dias de cão, aqueles mesmo merdosos em que as coisas não saem, seja na vida normal ou no desporto, vão levantar dúvidas. Vão meter-nos em causa. E é aqui que esse mau-estar pode funcionar a nosso favor. É aqui que encontramos a chave da evolução.

Mas tudo tem o seu tempo. Quando as coisas correm mal, é preciso tempo para encaixar e aceitar, para lidar com a frustração. Depois chega a hora de analisar de forma fria e honesta para connosco. Não adianta sermos moles. Temos de ir ao centro da questão e temos de ser honestos connosco.

A partir daqui, importa traçar novos planos que permitam mudar o que está mal.

Viver com dias maus é um pouco como viver no limbo. Tem tanto de mau como de bom. Precisamente porque ou nos ajuda ou nos enterra.

Embora seja uma pessoa muito emotiva, muito revoltada e impulsiva, tenho sempre este lado dentro de mim: no momento em que tudo corre mal, penso que haverá forma de tirar dali alguma coisa boa. E há, sempre, mesmo nas coisas horrendas da vida. Só que isso requer tempo e distanciamento.

Concordam?

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09
Fev22

Como se preparam duas provas no espaço de 8 dias


João Silva

Passei por isto em janeiro e vou voltar agora em fevereiro e depois em março: ter duas provas no espaço de oito dias.

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Tudo depende do prisma. Se for para ir atrás de resultados, é importante descansar muito e bem entre provas. Sempre foi algo difícil para mim, mas talvez essa tenha sido uma das mudanças da lesão. Como estou mais centrado em treinar de forma específica para alcançar determinados tempos, mantenho o foco e tenho conseguiso disciplinar-me. Mesmo quando me apetece correr sem destino. E são tantas as vezes. Só que o foco é outro nesta altura e ajuda a aguentar os cavalos. A materialização do trabalho em resultados em janeiro fez-me acreditar que estava mesmo na direção certa. 

Para se ter noção, na semana após a prova de Soure e antes da prova de Leiria não corri uma única vez mais de 50' minutos. Nunca no passado isto aconteceu.

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Nesses oito dias procurei fazer recuperação ativa com reforço muscular específico, exercícios de mobilidade e fisioterapia e pequenas corridas para manter o organismo com a "tensão" normal de uma corrida. Custa, mas resulta.

Se o foco for amealhar participações em provas (o que não tem mal), nada disso importa e é possível fazer tudo na descontra e ainda treinar mais de uma hora.

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