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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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17
Dez21

1, 2, 3, uma entrevista de cada vez


João Silva

Como em tudo, é preciso matéria-prima para criar conteúdo. É com enorme gosto que trago mais uma entrevista de uma atleta. 

Sim, hoje temos uma entrevista a uma mulher que dá cartas nisto a que chamamos de corrida. 

É curioso que a primeira impressão que tive dela era que se tratava de uma mulher dedicada, no caso, à corrida. À distância, vejo hoje que também é uma enorme apreciadora de desporto de um modo geral. Aliás, é talvez a primeira pessoa a vincar bem o peso do reforço muscular no processo evolutivo de um corredor. Revejo-me inteiramente nisso.

É de pessoas assim que vive este espaço. 

Olhemos, pois, para a entrevista da Célia Santos.

Nome

Célia Maria Figueiredo dos Santos

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Foto: trail dos Abutres, 50 km  

· Idade

46 anos

· Equipa

ARCD Venda da Luísa

· Praticante de atletismo desde

2015

· Modalidade de atletismo preferida

Trail

· Prefere curtas ou longas distâncias

Longas distâncias

· Na atual equipa desde

2016

· Volume de treinos por semana e importância dos treinos

A gestão dos treinos é de extrema importância. Não se trata apenas do volume de treino, mas também do tipo de treino e do respeito pelos períodos de descanso. Passando ainda pela alimentação. O treino tem que ser adaptado a cada individuo, às suas característica e objetivos. Não existem receitas milagrosas.

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Foto: 111 km no Trail de Sicó

· Se tem ou não treinador

Sem treinador oficial. Treinava com colegas, alguns deles com muitos anos de experiência na modalidade.

· Diferenças existentes entre o atletismo passado e atual

Não me considero uma atleta no verdadeiro sentido da palavra e tão-pouco sou conhecedora profunda da modalidade. Mas, na minha opinião, houve uma grande evolução no mundo do trail. Desde a oferta e escolha do equipamento aos programas de treino consoante os objetivos de cada um e exigências de cada prova, isto em relação à parte técnica. Ainda há atletas sem planos de treino ou algum tipo de acompanhamento, mas a maioria já demonstra essa preocupação. 

Relativamente à parte relacional, acho que se tornou numa modalidade mais competitiva em geral. Obviamente cada atleta parte para a prova com os seus objetivos, sejam eles competitivos, lúdicos ou ambos, mas, nas ultimas provas que fiz, notei uma maior preocupação com os “tempos” e as classificações. A camaradagem é menos “calorosa”.

Por último, relativamente às organizações, acho que há uma maior preocupação quer com a satisfação quer com a segurança dos atletas. Como em tudo, há exceções…

· Histórias insólitas, curiosas ou inéditas

Casos insólitos, lembro-me de um, em que fui para uma prova e deixei o camelbak com todo o material obrigatório em casa. Só me apercebi quando lá cheguei. A solução foi passar no check-in com material de outro colega de equipa e depois fazer a prova sem nada e rezar para que tudo corresse bem. E correu!

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Foto: Louzantrail

· Aventura marcante

Aventura mais marcante foi sem dúvida a minha primeira ultra – 50km no Abutres. Foi épico! Foi a preparação para a minha primeira prova de 3 dígitos. Fiz a prova em grupo, o que foi uma mais-valia, pois era a primeira vez numa distância tão longa, num terreno difícil e no inverno. Posso dizer que foi um desafio superado e que ainda hoje tenho um especial orgulho e guardo com carinho a T-shirt daquela prova.   

· Participação em prova mais longa

A prova mais longa que fiz foi os 111km de Sicó. Fiz por 3 anos consecutivos, também esta em grupo e conseguimos todos os anos melhorar o tempo de prova.

Tudo começou com uma brincadeira, um desafio lançado entre colegas. No início, nem eu acreditava ser capaz. A verdade é que os treinos foram acontecendo, a vontade de conseguir foi aumentando e, no final, era um compromisso assumido e, pelo menos teria que tentar. 

No segundo e terceiro anos, a confiança já era outra, a preparação também, foi só rolar… um km de cada vez. Se tenho vontade de repetir? Nem por isso… já não há o efeito surpresa.

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Foto: Trail do Piódão

· Objetivos pessoais futuros

Estou há dois anos sem participar em provas. De momento, os meus objetivos não passam pelo atletismo. Passam, sim, por manter níveis de atividade física que me permitam ter um estilo de vida saudável.

Como complemento aos treinos de corrida, inscrevi-me num ginásio. Recomendo a todos os atletas que o façam, não só porque irão conseguir melhores resultados, mas também para prevenir lesões que possam advir de um treino excessivo e muitas vezes não acompanhado por profissionais. A meu ver, o reforço muscular, a correção postural, a gestão do esforço e o descanso são tão importantes como os treinos de corrida propriamente ditos.

Todos conhecemos alguém que, do nada, se lembrou de começar a correr. Muitas vezes, pessoas que nunca praticaram nenhum desporto até à data e, de um dia para o outro, compram umas sapatilhas e vão correr. Nada contra! É de louvar tal atitude e, como sempre ouvi dizer, mais vale tarde do que nunca.

O problema é quando este processo é feito de forma desregrada e sem consciência dos problemas que podem surgir.

Quem já passou por este processo, sabe o bom que é conseguirmos superar-nos treino após treino e cada vez temos mais sede de kms e de os fazer rápido. Mas para evitar dissabores, o corpo tem de estar preparado. Ossos, músculos, articulações, sistema cardiorrespiratório têm de estar preparados para dar uma resposta eficaz, sob pena de sofrerem lesões se assim não for. Daí a importância de complementar os treinos de corrida.

No fundo é esta a mensagem que eu gostaria de passar. Atletas, treinem bem, com consistência e consciência. Treinar não é só sair por aí a fazer kms. 

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Foto: Picos do Açor

· Como vê o atletismo daqui a 5 anos

Não sei como vai estar o atletismo daqui a 5 anos, mas faço votos que seja praticado por atletas bem preparados, com boa perceção corporal e muito foco.

· Porque existem tão poucas mulheres a fazer atletismo e porque há tão poucas em provas de grandes distâncias?

Acho que já não há assim tão poucas mulheres no atletismo. Temos vindo a verificar um aumento no número de mulheres em provas, inclusivamente, nas longas distâncias.

Existem diferenças de tratamento em relação aos homens?

Pessoalmente nunca senti diferença de tratamento por ser mulher.

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Foto: Estrela Grande Trail

Como é que a COVID afetou a evolução como atleta?

A Covid veio alterar muitas das nossas rotinas, uma delas era treinar em grupo. Onde mais me senti afetada foi com o encerramento dos ginásios. Tive de me adaptar, comprei material e treinei em casa, através das aulas virtuais que o ginásio nos proporcionava e também com programas de treino que procurei na Internet. Não era a mesma coisa, mas foi o possível. Parar não era opção.

O que mudou nas provas com a pandemia? Essas mudanças são boas para a modalidade?

Não sei responder às últimas questões pois não participei em nenhuma prova pós-pandemia.

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Foto: Complemento aos treinos de corrida 

Em jeito de conclusão, gostaria de passar a seguinte mensagem:

“É importante fazer algo que se gosta, mas é importante fazê-lo bem. “

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