Foi ali que tudo parou (por uns tempos)
João Silva
Estava no penúltimo treino do segundo ciclo para a maratona. Estava no final da nona semana de treinos sem quaisquer paragens. Era dia de treino longo.
Depois de uma noite com um bebé ao colo, comecei com algumas dores nas costas. Nada de anormal, pensei. Já tinha acontecido. O treino não estava a correr extraordinariamente bem.
Ao quilómetro 24 voei no bom sentido. Atingi o ritmo que queria e pensei que o treino tinha valido por aquela ponta final.
Só não consegui prever que aquele seria o último treino de corrida durante algum tempo. Durante muito tempo. Demasiado tempo.
Ainda antes de acabar o treino, perto do quilómetro 27, senti um pequeno desconforto algures entre o glúteo médio e a zona lombar. Não foi nada de mais, mas comecei a sentir dificuldades para correr ao mesmo ritmo. Quando parei, dez minutos depois, já não consegui andar em condições. A partir daí, fui tendo muitos problemas para mover a perna direita. O ato do pé a tocar no chão era muito doloroso.
Como previsto, fomos visitar os meus pais e senti dores de morte para ter o meu bebé ao colo. Mover a perna em condições era uma miragem. Percebi logo que não iria correr no dia seguinte.
Caminhar era um suplício. Havia movimentos "finos" em que não conseguia mexer a perna. Temi o pior e aconteceu o dito.
Estava longe de saber que aquilo ia comprometer (e mudar) a minha evolução para a maratona do Porto de 2021. Estava longe de tudo, sobretudo, de poder voltar a treinar.