O jogo do gato e do rato
João Silva
Muitas vezes, mesmo agora nesta fase da minha vida, esta é a minha relação com a comida.
Isto não tem a ver com a tipologia de alimentos. Já o disse várias vezes, mas repito: por uma questão de opção e de reeducação, neste momento, não como alguns alimentos. Não é uma imposição, não é uma norma, é apenas vontade, porque não, não são os alimentos (genericamente) que engordam, são as quantidades e as confeções.
No meu caso, há mais de dois anos que não como açúcar nem produtos processados.
Dito isto, o meu jogo de gato e rato com a comida tem mais a ver com a quantidade, por um lado, e com aquilo que sei que tenho de fazer (em termos de exercício físico) para poder comer determinada quantidade do que quero. Até porque está tudo relacionado com o gasto energético.
Isto não me parece totalmente mau, até que porque como em função do treino que tenho.
O lado mau é a sequência de viciação em que se pode cair. Depois acabamos por nos tornar reféns e isso obriga a uma certa rotura mais brusca com determinadas escolhas em alturas mais duras....como esta.
Estou numa fase em que não quero perder, quero manter e, se possível, aumentar a massa muscular. No entanto, há mais de três semanas que não posso correr. O corpo não deixa por agora.
Ora, para ganhar massa muscular aconteça, tenho de ingerir mais coisas. É normal e comum. O problema surge depois na cabeça, que, devido ao passado de obesidade, tem mais dificuldade em lidar com o facto de estar a comer mais em dada altura.
No que toca ao exercício, como normalmente é diário e em grande quantidade, acabo por ter "espaço" nas minhas contas.
Em alturas de preparação de provas, normalmente, é preciso perder algum peso para conseguir aumentar e melhorar o desempenho. Não é uma obrigação, é um processo natural, mas a experiência tem-me mostrado que é preciso secar para levar o corpo para outros patamares.
No meu caso, e esta é outra observação da minha situação, se perder demasiado peso, começo a sofrer em termos cognitivos. Perco a capacidade de concentração, as minhas reações são mais intempestivas e o meu feitio fica ainda pior.
É um jogo em que é preciso ter muito cuidado entre os dois extremos.
Como o jogo para poder gerir melhorar o meu sentimento de culpa com a comida, "tenho" de correr todos os dias. Senão entro em curto-circuito...precisamente o que me tem acontecido mas últimas semanas.
Mas somos animais de hábitos. E somos capazes de nos adaptar às situações. Relativizar e aprender são as palavras de ordem. Com uma pitada de racionalidade, fica uma bela receita. O difícil é acertar nas quantidades.