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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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29
Set21

O jogo do gato e do rato


João Silva

Muitas vezes, mesmo agora nesta fase da minha vida, esta é a minha relação com a comida.

Isto não tem a ver com a tipologia de alimentos. Já o disse várias vezes,  mas repito: por uma questão de opção e de reeducação, neste momento, não como alguns alimentos. Não é uma imposição, não é uma norma, é apenas vontade, porque não, não são os alimentos (genericamente) que engordam, são as quantidades e as confeções.

No meu caso, há mais de dois anos que não como açúcar nem produtos processados.

Dito isto, o meu jogo de gato e rato com a comida tem mais a ver com a quantidade, por um lado, e com aquilo que sei que tenho de fazer (em termos de exercício físico) para poder comer determinada quantidade do que quero. Até porque está tudo relacionado com o gasto energético.

Isto não me parece totalmente mau, até que porque como em função do treino que tenho.

O lado mau é a sequência de viciação em que se pode cair. Depois acabamos por nos tornar reféns e isso obriga a uma certa rotura mais brusca com determinadas escolhas em alturas mais duras....como esta.

Estou numa fase em que não quero perder, quero manter e, se possível, aumentar a massa muscular. No entanto, há mais de três semanas que não posso correr. O corpo não deixa por agora.

Ora, para ganhar massa muscular aconteça, tenho de ingerir mais coisas. É normal e comum. O problema surge depois na cabeça, que, devido ao passado de obesidade, tem mais dificuldade em lidar com o facto de estar a comer mais em dada altura.

No que toca ao exercício, como normalmente é diário e em grande quantidade, acabo por ter "espaço" nas minhas contas.

Em alturas de preparação de provas, normalmente, é preciso perder algum peso para conseguir aumentar e melhorar o desempenho. Não é uma obrigação, é um processo natural, mas a experiência tem-me mostrado que é preciso secar para levar o corpo para outros patamares.

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No meu caso, e esta é outra observação da minha situação, se perder demasiado peso, começo a sofrer em termos cognitivos. Perco a capacidade de concentração, as minhas reações são mais intempestivas e o meu feitio fica ainda pior.

É um jogo em que é preciso ter muito cuidado entre os dois extremos.

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Como o jogo para poder gerir melhorar o meu sentimento de culpa com a comida, "tenho" de correr todos os dias. Senão entro em curto-circuito...precisamente o que me tem acontecido mas últimas semanas.

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Mas somos animais de hábitos. E somos capazes de nos adaptar às situações. Relativizar e aprender são as palavras de ordem. Com uma pitada de racionalidade, fica uma bela receita. O difícil é acertar nas quantidades.

27
Set21

Bloqueios


João Silva

Uma enorme percentagem de um bom desempenho recai sobre o lado mental.

Se pensarmos no futebol ou no ciclismo, é o bloqueio mental e a falta de confiança que levam muitas equipas ou atletas a cair em desgraça.

Ora isto não é diferente entre atletas amadores e profissionais. Só que os profissionais conseguem ter mais mecanismos de apoio.

No entanto, um belo par de bloqueios é bem capaz de nos travar.

Não sou exceção e até consigo identificar alguns fatores que me impedem de ir mais além (não só em termos desportivos).

Reconhecê-los é importante, mas tem sido difícil ultrapassá-los.

Desde logo, tenho o bloqueio do medo. Por exemplo, medo de dar o descanso necessário ao corpo para que consiga assimilar os treinos. Medo de que parar um dia seja sinónimo de deixar de correr (este ponto carece de mais umas semanas para dar uma resposta válida). Medo de mudar alguns hábitos de treino, porque isso me "mandaria para fora de pé".

Depois do medo, a insegurança, que se reflete, por exemplo, no permanente levantar de obstáculos às minhas escolhas. Incapacidade (voluntária) para reconhecer o que foi feito e para usar isso "como cartão de visita".

A rotina da metodologia: jogar ao gato e ao rato com os mesmos métodos, impede-nos de evoluir.

Há inúmeros pontos de bloqueio, mas há um que é uma espécie de parafuso que se solta sempre na minha cabeça: a comparação. É importante relativizar o que fazemos e reconhecer que há quem faça melhor do que nós, mas isso nunca nos pode melindrar nem tirar a capacidade de agir.

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25
Set21

Autodestruição


João Silva

Há uns dias falei na autoestima e na sua existência na minha vida pela via do desporto e agora trago a outra companheira de vida: a autodestruição.

Pois bem, sempre tive de sobra e, infelizmente, nem a corrida me ajudou a resolver isso, embora ainda me permita acalmar.

Este fenómeno consiste em mecanismos mentais que visam o autoinsulto permanente e o julgamento permanente de todas as minhas ações.

Transferindo isto para a corrida, reflete-se na não valorização das conquistas, na elevação de expectativas, na incompreensão face a alguns aspetos de treino e na comparação frequente com outros elementos.

A consequência imediata de tudo isto é minar a minha confiança, o meu desenvolvimento.

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Porém, este fenómeno pessoal já me assombra desde a minha infância. Não é novo.

A minha insegurança e o meu sentimento de inferioridade tratam de fazer o resto.

Agora que voltei a uma fase mais débil da minha personalidade, consigo criticar-me com maior facilidade, o que me faz pior.

No caso da corrida, este ano está a ser uma maravilha para o "manda-abaixo", porque os resultados não foram bons no primeiro semestre e isso é mais uma forma de minar o meu próprio progresso.

Dou por mim a questionar constantemente as minhas opções. Não é mau fazer o papel de polícia mau de nós próprios. O problema é fazê-lo de forma desmedida e destrutiva, que não leva a lado nenhum.

A rever.

23
Set21

7 meses sem parar (com direito a vídeo)


João Silva

Já o disse muitas vezes: de 22 de setembro de 2020 a 26 de abril de 2021, corri todos os dias sem direito a folgas.

Foi uma opção que voltaria a ter.

Como forma de apresentar um post diferente, a dada altura decidi gravar um vídeo com as ilações que tirei de todo o processo.

Podem vê-lo aqui, no link do meu canal de YouTube:

Também podem passar por lá, espreitar os outros vídeos e subscrever o canal. Não me oporia mesmo nada a isso.

 

(P.S.: esta segunda tentativa parou no dia 04 de setembro com uma lesão. Foram quatro meses a correr todos os dias.)

21
Set21

Que belas contas!


João Silva

Hoje fazemos seis anos de casados e estamos de parabéns por isso, meu amor. 

Tem sido uma bela experiência com muito para contar...e um belo filho para criar. Ou para nos ensandecer. Sempre com amor, claro.

Há seis anos estávamos a dar os primeiro passos para mudar de ares. Depois de seis anos e meio no meio da agitação da cidade, decidimos vir para um sítio muito mais calmo e que nos deu muito. Um filho, por exemplo. 

Muitos parabéns a nós, meu amor. 

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19
Set21

Autoestima


João Silva

Foi coisa que nunca abundou por esses lados. 

Histórico familiar difícil, falta de meios de financeiros em toda a infância e idade adolescente e insegurança são alguns dos fatores que contribuíram para isso.

Em termos desportivos, que é o ponto em análise aqui, havia excesso de peso a retirar confiança.

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Portanto, nunca tive propriamente grande noção daquilo que valia (falo de qualidades) e isso impediu-me de evoluir quando jogava futebol. Ao ponto de nunca acreditar que me poderia destacar. 

Estes níveis de crença em mim ficaram nas lonas. Em 2016, na sequência de mais complicações familiares, "acabei" num psicólogo, que, entre outras coisas, teve o toque de Midas, quando me faz ver que precisava de uma paixão pessoal para conquistar confiança e autoestima.

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No alto dos meus 118 kg da altura, achei que seria a corrida que me ia dar isso.

A verdade é que comecei aos poucos e, mesmo com aquele peso todo, percebi que era o veículo para alterar a imagem que tinha de mim.

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Todo o processo faseado de reeducação alimentar e de perda de peso deu-me uma imagem diferente de mim, mais forte. Fez-me acreditar que era possível e dava para reverter o que estava mal. O físico não é tudo, dizem. E eu concordo. Porém, também devo reconhecer que essa mudança física me ajudou a ganhar uma maior valorização pessoal. Foi muito importante.

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A partir desse momento, criei uma espécie de balão de confiança, que me ajudou a enfrentar alguns problemas pessoais e que deu pensamentos positivos.

É por toda esta transformação que não vos sei explicar o quão relevante a corrida é na minha vida.

Os bons resultados que fui tendo (para a minha realidade) trataram de fazer aumentar a minha noção de valor próprio.

Por mais paradoxal que possa parecer, ser pai escancarou-me outra vez a porta da autodestruição, não pelo Mateus, que foi a melhor coisa que me aconteceu, mas porque me confrontou com fantasmas, perspetivas e diabruras.

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A vantagem agora é que tenho mecanismos que me ajudam a lutar pelo amor próprio. Um deles é a corrida. Daí a necessidade diária de correr. Porque correr também é a minha terapia. 

17
Set21

O ano mais difícil


João Silva

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De facto, este está a ser um ano mais duro em termos de forma. Obviamente que há toda uma situação externa muito complicada para todos, mas, honestamente, não me refugio nisso, porque sei que a minha descida permanente de forma teve outras origens.

O facto de praticamente nunca ter parado retirou-me capacidade de regeneração e de assimilação de processos.

O volume médio de 550 km por mês nesta fase foi muito mais contraprodutivo do que útil em muitas situações. Mas também teve pontos muito bons, não é necessário pintar tudo a tons de preto.

A proximidade de treinos duros não ajudou na recuperação. E essa foi uma grande falha que, mais recentemente, acabou por ter consequências desagradáveis para a minha evolução: o aparecimento de uma lesão, que, ainda assim, não teve uma origem relacionada com o cansaço mas sim com "velocidade a mais". 

A ausência de treinos mais suaves, por exemplo, de sessões de rolo nos músculos retira frescura. Essa foi outra grande verdade que aprendi às custas do meu corpo.

O facto de ter sido pai e de descansar menos tempo seguido também bloqueou o progresso a dada altura. Ossos do ofício.

A incapacidade para implantar planos de treino mais equilibrados e consistentes também foi contraprodutiva. (isso mudou em junho deste ano e só foi interrompido agora por causa de uma contratura).

O ritmo e a cadência diminuíram e só melhoraram a espaços. (uma vez mais, algo que mudou muito a partir de junho.)

E foi aqui que entrou o ponto mais importante de tudo.

Passei meses a mentalizar-me de que corria mais do que aquilo que estava a acontecer e de que o meu ritmo normal não era aquele.

Um exemplo: em fases boas, consigo encaixar 18 km em 90 minutos de corrida (ritmo médio de 05 minutos/km).

Com todos estes problemas, passei a fazer habitualmente 16,50 km ou mesmo 15,50 km em momentos de maior desgaste.

Qual a importância de pensar sempre que corro mais do que no momento de baixa forma?

É que assim não me deixo cair no "é normal" ou "agora corro assim".

Da mesma maneira que passei a correr "pior" até abril, também consigo voltar ao "normal" e também provei que é possível atingir outro nível (num ponto avançado da preparação, cheguei a fazer quilómetros a 4'11 ou mesmo treinos de 2 horas ou mais a 4'42"/km). Isso ajuda a manter o foco num dado patamar.

No fundo, apesar de estar a ser o ano com mais períodos de baixa forma, tive a possibilidade de ser persistente. De me manter concentrado no ponto que queria atingir. E esse é o meu maior trunfo. Ajuda a relativizar tudo e mantém a crença na melhoria.

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Se sei tudo isto e tudo o que deu errado, por que razão não corrigi?

Nas próximas semanas falarei sobre isso, porque as tentativas de corrigir foram muitas, mas isto, tal como a vida, não é "chapa cinco".

15
Set21

O desânimo


João Silva

O desânimo é primo do desalento. Umas vezes andam sós, outras vêm em simultâneo, mas dão sempre sinal de si. De tempos a tempos.

Numa época como esta, é perfeitamente normal que o desânimo apareça. Diria até que é saudável, na medida em que pode ser utilizado como impulsionador de outras ações mais proveitosas.

É assim em tudo na vida. Pessoalmente, passo por muitas fases de desânimo na vida. Porém, não sei bem explicar como nem porquê, consigo impedir que isso me deprima ao ponto de me demover definitivamente de alguma ação.

Ainda assim, não deixa de ser autodestrutivo nem corrosivo.

Em termos de treinos, passo por muitas fases de desânimo. Principalmente, quando não tenho a regularidade que ambiciono para correr mais vezes com um ritmo mais elevado. Qual a consequência disso? Primeiro, tenho logo de baixar expetativas e depois caio em rotinas de treino que me impedem de evoluir. No fim, é a velha história: recorremos a padrões que resultam porque sabemos que não nos põem causa.

A salvação neste processo é a minha resiliência interna, que me obriga a continuar, que me tem ensinado que o tempo ajuda e que as coisas mudam (mesmo nas fases de maior impaciência).

Como me questiono constantemente, o desânimo tem em mim uma ação impulsionadora e até criativa (mesmo que demore a manifestar-se).

Sei que, para muitos, o desânimo é sinónimo de bloqueio e de desistência. Não há mal em admitir isso. Há pessoas que nos podem ajudar a reacender a chama, no caso, do desporto. Por vezes, só precisamos de alguém que nos ouça.

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13
Set21

Quem corre por gosto não cansa


João Silva

Cansa, pois, mas cansa com vontade de repetir.

Gosto do provérbio, mas sempre senti que não é bem assim.

Há alturas em que também não apetece ir correr (ainda assim, vou, porque estou como novo por dentro ao fim de cinco minutos).

Há alturas em que olho "milhões" de vezes para o relógio até terminar o treino.

Há alturas em que fico com os nervos em franja porque não soube ouvir o meu corpo e dar descanso.

Correr por gosto é sofrer e voltar a sair para treinar no dia seguinte porque se quer mais "sofrimento".

Mas correr por gosto também cansa. Só que o cansaço é visto como uma coisa passageira, como um "faz parte".

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11
Set21

Reformulação


João Silva

Há uns dias falei na acentuada queda do meu rendimento em 2021.

Tal não se verificou no volume mas sim na qualidade dos meus treinos.

Foram largos os meses em que corri acima de cinco minutos por quilómetro. Não sendo uma "catástrofe" (sempre relativizando e sem meter em causa outras coisas verdadeiramente importantes na vida), é muito acima do que quero e, pior, do que já consegui fazer.

Além disso, não iniciei o plano de Vma na altura que tinha previsto e provas nem vê-las. Talvez tenha sido ingénuo por ter querido acreditar que participaria em provas neste ano de 2021 e, pior, que esses eventos teriam lugar durante a pandemia.

Assim, numa ótica de me ajustar, porque sei o impacto que as elevadas (e desfasadas) expectativas têm em mim, estou a redefinir os meus objetivos até ao final deste ano.

Desde o início do segundo semestre que tracei um plano mais regrado e assente em treinos de velocidade/resistência em longas distâncias. De acordo com as projeções, este plano teria o seu ponto alto no final de outubro, mesmo a tempo de participar na maratona do Porto (será isso possível de concretizar?)

Acima de tudo, o foco passou a ser um plano de treinos de Vma e de treino fracionado para conseguir aumentar a minha velocidade em ritmo e a minha cadência.

Além disso, tenho a ambição de fazer duas maratonas (oficiosas) até ao dia 31 de dezembro deste ano. Como ainda não sei se irei participar em competições, é uma forma de manter o foco e de dar uma meta aos meus treinos. Se possível, desejo ainda iniciar uma nova tentativa para correr todos os dias durante um ano. Veremos se é possível.

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