Aceitação
João Silva
Um dos meus maiores defeitos (que, paradoxalmente, também considero uma das minhas maiores qualidades) é querer remar contra a maré.
Não é mau querer fazer diferente e querer "forçar" a concretização de algumas coisas. Em muitos casos, é necessário dar um certo empurrão e fazer com que as coisas aconteçam.
O nascimento do meu filho veio mostrar-me que era preciso aceitar que nem sempre dá para fazer os pontos todos da lista de tarefas, que, por vezes, é uma sorte fazer um trabalho, que é preciso ter calma e aceitar que tudo precisa do seu tempo para encarreirar.
A vida não é a mesmo depois de se ter um filho, é necessário fazer ajustes. Um deles é aprender a valorizar o (pouco) que se faz num determinado dia. É olhar para a cozinha e ver que se lavou a louça, mesmo que o fogao tenha ficado sujo ou o chão não tenha sido varrido. É ficar feliz porque deu para tomar banho, mesmo que não tenha dado para lavar os dentes. É ficar radiante porque se correu 10 minutos, mesmo que o previsto fossem 90. É aceitar que um jogo de 90 minutos ou um filme de 2 horas podem demorar 3 dias até serem vistos na totalidade.
Este processo é muito duro e demora muito tempo até que aceitemos que a nossa vida mudou, mas, por outro lado, que as coisas não vão ser sempre assim.
Aceitar é a chave para acalmarmos a nossa luta interior. Aceitar é a solução para vivermos mais calmos e felizes e para valorizarmos o que temos. Porém, aceitar também é muito duro e demora muito tempo.