Aceitar que há melhores do que nós faz-nos melhores
João Silva
Não só na corrida como na vida, é importante percebermos que há pessoas com melhores desempenhos do que nós e que não vamos conseguir fazer sempre parte dos destaques de determinada situação ou experiência.
Perceber onde estão os nossos limites ajuda-nos, desde logo, a lidar melhor com a frustração e a canalizar energias para tirar partido dos nossos atributos e, com base em tudo isto, leva-nos a trabalhar numa ótica de melhoria.
Quem não arrisca não petisca. O ditado é velho e sábio, já dizia a minha avó.
Posto isto, seja para treinos ou provas, na minha ótica, deve prevalecer a honestidade. Em quê, perguntam? Por exemplo, na partilha de informações que podem ajudar os outros a melhorar a sua performance.
Em primeiro lugar, os materiais podem ser extraordinários, mas, se a pessoa não souber fazer uso deles, nunca conseguirá evoluir. Além disso, se a pessoa colocar efetivamente tudo em prática como é suposto e se conseguir passar quem lhe cedeu as coisas, está última tem de aceitar isso.
A corrida é um desporto individual, deixa-nos ir onde o nosso corpo permitir. Mais do que esse limite (que pode ser empurrado com muito trabalho, mas essa é outra questão), é fazer mal a nós próprios. Por isso mesmo, se alguém fizer melhor do que eu com as "minhas" ferramentas, isso prova que ele ou ela são melhores, mas não me pode tirar o valor, quanto mais não seja, por ter partilhado o conteúdo.
As nossas limitações são o que são e temos de as aceitar, mesmo que doa (e dói). No fim de tudo, isto também tem um lado interessante: no desporto, nada se perde verdadeiramente, pois uma má forma pode ser convertida numa boa com muita dedicação e força de vontade.
Não vamos todos receber a luz do destaque e é importante, quando não a recebermos, perceber que isso não nos tira o mérito. Pelo contrário.