Ao arrastão também lá chegas, mas...
João Silva
Esta é uma daquelas coisas que nos deviam ensinar quando começamos a correr: a postura.
A colocação da coluna ligeiramente inclinada para a frente como um todo e não apenas o peito, a cabeça a olhar em frente, os joelhos levantados ao nível da cintura a cada passada e os pés a aterrarem por inteiro no chão e não apenas com as pontas dos dedos.
Estes são fatores absolutamente imprescindíveis para se ter um desempenho de excelência.
Com o cansaço e o tempo de corrida, temos tendência a deixar cair a cabeça, a curvar o peito para a frente, a deixar cair os ombros e, aqui é que está o que procuro para este texto, os joelhos já não levantam. Começamos a arrastar os pés e, naturalmente, a passada fica mais curta, demoramos mais e geramos mais cansaço.
Portanto, um dos grande trunfos da corrida está em ter os joelhos levantados ao nível da cintura. No início, parece pouco natural e podem achar que estão a fazer figuras estranhas, mas rapidamente verão resultados.
No meu caso, procurei começar a tomar mais consciência do momento em que os joelhos deixam de levantar tanto. Com o treino e o tempo, as coisas começaram a melhorar e agora lembro-me sempre de levantar os joelhos quando já me estou a arrastar. Melhora muito a última fase da corrida. Nas maratonas, é uma enorme ajuda.
Um dos exercícios para isso é levantar alternadamente os joelhos até ao peito (gradualmente conseguem chegar lá perto, importante é ser acima da cintura). Outro muito útil consiste em tocar com os calcanhares no rabo, pois também alarga a amplitude da nossa passada.
Por fim, digo-vos ainda que esta é uma das grandes diferenças entre corredores africanos e europeus. Por norma, eles abrem mais a passada, dão menos passos, mas cobrem uma maior área. Observem um corredor africano e vejam onde vão parar os joelhos em cada movimento. É também isso que os ajuda a correr mais rápido.
Já mesmo mesmo a terminar, deixo-vos com um vídeo que vos ajuda a perceber melhor o alargamento da passada pela subida dos joelhos.
Moral da história: ao arrastão também lá chegas, mas...