Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.
Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.
Nota explicativa prévia: nos últimos anos, desenvolvi uma espécie de bebedeira de sono. Quando atinjo um determinado nível de cansaço, o corpo deixa de me obedecer e começo a adormecer, seja qual for a tarefa que tenho em mãos. Sim, há sinais, mas regra geral aterro num instante.
Ter um filho não é outra coisa que atingir um nível elevado de cansaço. Juntamos a tudo isso, o trabalho, a casa e os treinos. Nada de especial em relação às outras famílias, mas, tocando-nos a nós, têm sempre um sentido mais especial. Portanto, terminada a nota prévia, o longo dos últimos quatro meses (feitos hoje), foi necessário virar técnico especializado em adormecimento... A ideia era que o fosse para o meu filho, mas a verdade é que muitas foram as vezes em que apliquei o manancial de estratégias e em que, ao fim de um belo bocado, fui eu quem começou a adormecer. Ja aqui falei nos agachamentos e lunges como exercícios mais intensos para meter o Mateus a ver estrelinhas. A tudo isso, juntam-se as músicas inventadas à última hora, os embalos lentos acompanhados por palmadinhas suaves no rabito e, era aqui que queria chegar, as caminhadas intermináveis em marcha à frente e em marcha atrás pelo quarto, de preferência, a altas horas da noite. Encosto-o ao meu peito, bem aninhado, e lá vou eu fazer quilómetros de embalo, aproveitando para lhe pedir (por vezes, encarecida e desesperadamente) que adormeça. Ele deve prestar tanta atenção a isso que muitas são as vezes em que acabo eu a adormecer com ele ao colo. Sim, tem tanto de cómico quanto de assustador, porque desligo mesmo. Aliás, recordo-me muitas vezes de um episódio em que adormeci a passar a ferro ou de outro em que o tinha nos braços, comecei a fazer da cintura um pêndulo, acabei por ter de o passar à mãe já que as portadas (=pestanas) já estavam a fechar. No fim de contas, a cereja no topo do bolo veio em algumas noites em que a mãe lhe cantou belas cantigas para adormecer e fui eu quem acabou embalado com os olhos cerradinhos... Passam hoje 4 meses desde que comecei a adormecer muito mais vezes e de forma inconsciente. Foram os 4 meses mais desafiantes da minha vida. Venham mais, muitos mais... Cá estarei, se não adormecer pelo caminho. Se assim for, ele manda-me dois berros e mete-me em sentido.
Hoje venho falar-vos e dar-vos a conhecer o Paulo Alves, nome de antigo jogador da bola.
Não conheço pessoalmente este rapaz, mas já pude sentir a sua simpatia e boa disposição no seio da nossa equipa.
Curioso o facto de achar que ele já fazia parte da equipa há mais tempo do que eu, quando, na verdade, sou mais "velho" na laranja. Particularidades, portanto.
Outra é o facto de a minha alcunha atual no seio da equipa ter sido dada por ele: alcatroado. Qualquer relação do nome com a minha paixão à estrada é pura coincidência.
Aprecio o jeito descontraído do Paulo, bem como a sua abordagem mais ligeira. Como sei que é algo difícil para mim, gabo-lhe os méritos dessa atitude, que, ou muito me engano, é uma marca distintiva da sua personalidade.
Deixo-vos, pois, com o Paulo Alves.
Nome:
Paulo Alves aka Alfacinha aka #treinapaulo :)
Idade:
42
Equipa:
ARCD Venda da Luísa
Praticante de atletismo desde:
Meados de 2012, pois foi quando a balança chegou aos 106 kg. Achei que já bastava e meti na cabeça que iria fazer a corrida do Sporting (10 km) nesse mesmo ano, pelo que comecei a correr do zero por períodos de 5 min. no máximo e aumentando gradualmente.
Modalidade de atletismo preferida:
É o trail running pela sensação de liberdade, camaradagem e aventura que cada treino/prova proporciona.
Prefere curtas ou longas distâncias:
Claramente as longas distâncias pelo desafio de ter de vencer os quilómetros, o tempo, a meteorologia, gerir o corpo, mas, sobretudo, por ter de contrariar o que a cabeça muitas vezes pede quando surgem as dificuldades.
Na atual equipa desde:
24 de Março de 2019, dia do Trail de Pereira.
Volume de treinos por semana:
É muito variável pois sou um "atleta" muito indisciplinado, por isso, tenho semanas em que treino 1 vez e outras em que chego às 6. Mas, se seguirmos a grande máxima "descanso também é treino", então é todos os dias e nisso sou fortíssimo. :)
Importâncias dos treinos:
Considero que, de facto, treinar com regularidade e disciplina é muito importante pois conseguimos desfrutar muito mais das provas e acabá-las sem ter a sensação que fomos atropelados pelo Intercidades. (risos)
Se tem ou não treinador:
Não tenho treinador, mas como sou algo preguiçoso para treinar, tenho 2 treinadores informais que usam todos os métodos possíveis e imaginários para me "obrigar" a treinar.
Diferenças existentes entre o atletismo passado e atual:
Sinceramente não considero que esteja no atletismo há tanto tempo para notar as diferenças, mas acho que há cada vez mais uma "indústria" das provas de corrida, sobretudo no trail, em que o objetivo é principalmente fazer dinheiro, sendo que há ainda uns resistentes que dão prioridade à qualidade em detrimento da quantidade dos seus eventos.
Histórias insólitas, curiosas ou inéditas,
O acontecimento mais insólito numa prova foi num Oh Meu Deus, na subida da Garganta de Loriga para a Torre senti-me mal com o calor, fui sempre subindo e esperando que viesse o vassoura, quando cheguei à Torre, 4 horas depois de ter saído de Loriga, descobri que nenhum dos elementos estava à minha espera porque pensavam que o último já tinha passado...Outra situação insólita foi no ano passado nos 65 km da Freita, eu estava a fazer a prova com o Rui Monteiro e o José Carlos Fernandes, entrámos juntos na mítica Besta, sendo que depois cada um seguiu o seu ritmo e, de repente, eu consegui perder-me naquele percurso para parece simples e depois só ouvia os gritos do Rui e do José a chamar por mim... e uma curiosidade é que já acabei várias provas com pelo menos uma rapariga que não conhecia até aí. ;)
Aventura marcante
Tive algumas experiências em prova que me marcaram, como correr na neve na Serra da Estrela, a brutalidade e beleza da Serra da Freita, as noites das provas de 100 km, mas o que mais me marcou ao longo destes anos de corridas foram sobretudo as pessoas que trouxe de cada aventura.
Participação em prova mais longa
Foi este ano nos 111 km do Sicó, que já tinha tentado o ano passado e fiquei a 18 km da meta, sendo que desta vez terminei-a, mas a prova mais longa prevista para este ano era a Ultra Caminhos do Tejo 144 km.
Objetivos pessoais futuros:
Basicamente terminar os objetivos que tinha para este ano, ou seja, UCT 144 km, TPG 55kms, finisher circuito ultra endurance da ATRP.
Projetos que não tinha para este ano, mas que quero cumprir são OMD 100k ou 100 milhas, MIUT, PGTA, também PT281+ e/ou ALUT (solo ou estafeta) isto só para referir os objetivos internos.... :p
Como vê o atletismo daqui a 5 anos
Vejo o atletismo daqui a 5 anos como já tendo feito uma seleção natural entre as provas de qualidade e provas que só procuram lucro fácil sem qualidade, mas, no geral, cada vez mais gente a correr seja na estrada ou no trilho.
Como se vê no atletismo daqui a 5 anos:
Sinceramente acho que andarei pelos trilhos lá atrás como é meu hábito, mas a curtir cada dia e cada metro percorrido.
Como não podia deixar de ser, ter retomado a corrida em finais de maio veio aguçar-me o apetite.
Teve também o condão de me mostrar o quão irresponsavelmente lido com o meu corpo, mas isso agora não interessa.
Como o bichinho continuou lá e até aumentou a sua insaciedade, ressurgiram os desejos de maipres distâncias. Os cerca de 24 km em duas horas já me pedem outro aliciante.
Como tal, o meu objetivo até ao final do ano passará pela realização de duas maratonas oficiosas aqui pelos arredores. Oficiais não as haverá, mas as oficiosas também contam para mim, mostram-me o meu lado mais confiante e, paradoxalmente, mais temerário em relação a riscos corridos na gestão do esforço. Mostram-me como posso ser no meu elemento.
Portanto, até ao dia 31 de Dezembro, proponho-me a arranjar uma forma decente para completar duas vezes a distância mítica, ou seja, ainda é um processo para levar uns mesinhos.
Vivemos uma fase muito complicada com muitos aspetos novos, que, sem dúvida, vieram alterar os planos de muitos. Em termos de desporto, sobretudo no atletismo, há e vai ter de haver uma abordagem diferente. É um desporto onde o nível de contágio é elevadíssimo, apesar de ter uma forte componente de ar livre. Como não podia deixar de ser, houve muitos adiamentos e cancelamentos de provas.
Razão que me leva ao ponto de afirmar que não competirem oficialmente em 2020. Na verdade, já achava que não seria diferente, mas relativamente aos priemrios sete meses do ano, já que o nascimento do Mateus obrigava a uma grande readaptação.
O que não contava é que essa decisão se estenderia aos últimos seis meses deste ano. Na verdade, tendo em conta as minhas dúvidas em termos de forma e o meu receio com a disseminação da doença Covid-19, até "deu jeito" ter a decisão tomada por mim.
Por outro lado, como regressei aos treinos de estrada no final de maio, já me sentia mais capaz de preparar algumas provas a partir de setembro. Assim sendo, nada feito.
Vendo noutra perspetiva, tudo isto gera uma enorme oportunidade: a de ter tempo para definir bons objetivos de corrida para 2021, a de escolher as provas com detalhe e a de fazer uma boa preparação em termos de treino.
Portanto, aqui reside o foco e a responsabilidade: fazer deste tempo a rampa perfeita para estar bem e em forma.
Se não deixar que a irresponsabilidade tome conta de mim nem que o ímpeto leve a melhor, será uma época perfeita para treinar e adotar novos métodos de treino.
Tenho de discordar do ditado popular porque de génio tenho muito pouco ou nada.
Do segundo, tenho para vender.
No caso, a propósito do arranque da segunda fase do meu processo de desconfinamento na corrida, passei a corrida de três sessões semanais para quatro, mas acabei a fazer cinco.
Sendo honesto, mais do que fui quando gizei o plano, já sabia que não me contentava com quatro. Tudo se iniciou na semana de 08 de junho.
Nas cinco sessões, fiz 2 horas de corrida em cada uma, uma média de 23 km por treino, ou seja, passei a barreira dos 100 km numa semana. Nada de novo em mim ou não fosse o facto de ter feito, pela primeira vez, quatro sessões seguidas com um tempo mínimo de 2 horas. Não fui o primeiro nem serei o último a fazê-lo, mas tenho de reconhecer a estupidez para o corpo.
Como podem ver pelas imagens individuais das sessões, a dureza e a carga foram aumentando com a repetição da distância. Moral da história: na segunda-feira seguinte, no dia 15, tive de fazer bicicleta, pois o joelho esquerdo inchou e começou a agradecer-me com dores infernais.
Essa é a paga (bem merecida) por uma abordagem irresponsável, imprudente e displicente.
Hoje trago-vos alguém que conheci virtualmente há muito pouco tempo e que já me parece ter um peso importante no atletismo da sua região e também a um nível mais global, isto porque tem uma plataforma denominada Aquele que gosta de correr, onde expõe o seu gosto pela corrida, mas também para onde convida outros atletas com o objetivo de os dar a conhecer um pouco por toda a rede. Portanto, tem uma atitude altruísta que também revela ao participar em ações que visam o apoio social aos bombeiros, por exemplo.
A sua envolvência e o seu gosto pela corrida são mesmo contagiantes. Perante isto, não podia ser o único a usufruir deste tipo de conhecimento e decidi convidá-lo para uma entrevista, mal terminou a conversa que lhe dei em maio e que podem ver aqui e aqui.
Acrescento, apesar de ser acessório neste caso, que o Vítor é um atleta de créditos firmados e com excelentes resultados. Basta darem uma olhadela na sua página.
Fiquemos, pois, com o Vítor Oliveira:
Nome:
Vítor Oliveira
Idade:
30 anos
Equipa:
Vitória Futebol Clube
Praticante de atletismo desde:
2012
Modalidade de atletismo preferida:
Corrida, claro
Prefere curtas ou longas distâncias:
Eu prefiro longas distâncias, mas claro só até à distância oficial da Maratona. Se considerarmos que 10 km é uma curta distância, mesmo gosto bastante!
Na atual equipa desde:
Comecei esta época, portanto, desde outubro de 2019! Antes disso estava na Associação Vale Grande, clube que me acolheu durante 3 anos.
Volume de treinos por semana:
Treino corrida 5 dias por semana e reforço muscular nos dias de descanso.
Importância dos treinos:
Todos os treinos são importantes. Desde os treinos mais curtos, dos treinos intervalados, aos treinos longos. Todos são importantes e todos deverão ser encarados com seriedade. Sem nunca tirar o prazer de correr claro!
Se tem ou não treinador:
Sim, tenho treinador há três anos. Já tinha tido anteriormente, mas passei por um período em que me treinei a mim próprio. No entanto acho que o melhor é ter alguém a lidar com a gestão dos nossos ciclos de treino. É importante para não fazermos as “asneiras” normais no ataque às provas.
Diferenças existentes entre o atletismo passado e atual:
Eu não vivi o atletismo do passado, mas tenho a minha opinião meio formada. A verdade é que isto se aplica a diversas áreas da atualidade. Antigamente os trabalhos não eram tão exigentes, não havia tantas distrações, não havia tanta pressão, o mundo era completamente diferente do que era agora. Eu falo por mim, eu adoro atletismo, e adorava dedicar-lhe bem mais tempo. Nem que fosse para dormir, que é essencial na recuperação muscular. Mas é-me impossível, tenho demasiado para fazer, estou envolvido em demasiadas coisas na minha vida para poder concentrar-me mais no atletismo como parte da minha vida.
Resumindo, sim, claro que o atletismo do passado era bem mais forte do que é atualmente (falo do contexto português claro). Infelizmente o atletismo como profissão não evoluiu como as outras profissões e o facto destas outras profissões terem evoluído tanto é que causou um maior impacto em tornar mais pobre o atletismo amador.
Histórias insólitas, curiosas ou inéditas:
Eu não tenho grande memória para este tipo de histórias honestamente! Uma história curta é a da Légua Noturna de Odivelas. Uma prova que já tive o prazer de ganhar. Na edição que ganhei, durante a prova havia um cruzamento que não estava bem sinalizado para onde a prova deveria seguir. Como seguia em primeiro, tinha um carro da polícia à minha frente. No dito cruzamento, o carro seguiu em frente e eu claro, segui com ele. De repente o carro acelera e dá uma volta de 180º. Eu fico “então mas???”. Está claro que o caminho não era por ali e a própria polícia se enganou! Valeu o desportivismo de quem seguia em 2.º lugar que abrandou para me deixar voltar a ganhar a posição.
Uma segunda história foi durante uma Meia-Maratona dos Descobrimentos em que o comentador que fez a cobertura televisiva disse que eu me chamava Nico e era um atleta espanhol. Esse vídeo ainda hoje está no YouTube para assistir a esse belo momento! Verdade seja dita que o equipamento da Associação Vale Grande é vermelho e amarelo, as cores de Espanha!
Aventura marcante:
Eu sou uma pessoa de objetivos, mas acabo por não ficar a pensar em aventuras passadas. Posso pensar aqui numa Maratona de Sevilha que foi a minha primeira Maratona, numa São Silvestre da Amadora em 2018 em que bati o meu recorde aos 10km sem sequer ter isso na cabeça, ou até numa Meia-Maratona dos Descobrimentos em que consegui ir a um pódio (imagine-se, eu num pódio de uma Meia-Maratona de Lisboa). Honestamente, nunca fico mesmo ligado a qualquer prova ou aventura. Para mim todos os momentos são importantes. E bons para serem relatados no meu blog!
Participação em prova mais longa:
Maratona de Sevilha. É preciso dizer a distância?
Objetivos pessoais futuros:
Melhorar a marca aos 10 km e à meia-maratona. Depois disso, trabalho outra vez em voltar à Maratona!
Como vê o atletismo daqui a 5 anos:
Honestamente não sei. Tenho previsões algo pessimistas no setor feminino (parece estar a decair um pouco). No masculino os nossos melhores atletas estão neste momento a começar a demonstrar o seu valor. Veremos!
Como se vê no atletismo daqui a 5 anos:
Honestamente, não sei. Tenho objetivos e visão em tudo na minha vida, menos com o atletismo em termos competitivos. A única coisa que me vejo no futuro é continuar a tirar prazer da corrida e dos treinos!
Perturbações sentidas pela Covid-19 Eventuais provas canceladas ou objetivos adiados em 2020 por causa da pandemia:
Maratona da Europa. Era o objetivo desta época e foi abortado.
Que mudanças se perspetivam no contacto social em provas a partir da segunda metade do ano:
Não sei mesmo. Acredito que vamos sentir algumas diferenças, mas a corrida não funciona com muitas limitações. Não vamos correr de máscara. Não vamos correr afastados uns dos outros. No máximo poderemos desinfetar as mãos. Mas falando mais a sério, penso que o que se poderá sentir mais é a limitação no número de participantes. E isso poderá afetar a realização de provas maiores, como as meias das pontes, as maiores São Silvestres do país, ou mesmo a Maratona de Lisboa e do Porto.
Este é um recado para o meu corpo. Peço-lhe encarecidamente que me avise quando o meu pico de forma regressar. Não quero essa informação por causa de provas, quero apenas saber quanto tempo precisarei até me sentir tão funcional quanto estava. Como quis retomar como se nada tivesse acontecido, rapidamente percebi que o corpo entrou em ciclo de sobrecarga de treino. E agora teima em não sair Só por uma vez o consegui abanar num sprint longo ainda no início de junho. Desde então as dores são uma constante na minha vida e parar não é uma opção, portanto, só posso esperar pela chegada de mais problemas físicos. Falando de uma forma geral, diria que uma retoma com calma, faseada, a respeitar o corpo e com metodologia darianpara iniciar o pico de forma ao fim de 4 a 6 semanas, sendo que tudo isso varia sempre em função de cada um. E vocês quanto tempo demoraram para atingir novamente o pico de forma?
A evolução no atletismo passa muito pela técnica. Na verdade, embora a resistência seja crucial em longas distâncias, a técnica é vital para curtas e longas, pois permite fazer mais e chegar mais longe com um baixo gasto energético. Além disso, nada é melhor para evitar lesões do que ter uma boa técnica. Os treinos de técnica devem ser regulares, embora não diários para não massacrar a musculatura. No caso, o facto de se ter menos tempo para treinar não pode servir de desculpa para não haver treinos técnicos. Desde logo, podem treinar pequenos saltos alternados no final de cada treino. Mostrarei alguns exercícios que ajudam a melhorar a forma como corremos e que, na verdade, não implicam sessões extras de treino.
Além disso, por exemplo, se treinarem duas vezes por semana, uma pode ser de distância e outra de subidas a rampas e ou à escadas. Depois, na semana seguinte, podem mudar o de escadas para fartleks simples, com ritmos mais altos durante dois ou três minutos intercalados cim ritmos mais "normais". Como sequência, podem repetir estes moldes durante 4 semanas. Depois alteram.
Perante realidades mais intensas, com 3 treinos por semana, o primeiro deve ser de maior distância, o segundo técnico de velocidade e o terceiro também de endurance.
Por último, em cenários com 5 ou 7 treinos por semana, os treinos técnicos devem ser intervalos, sendo que os dias seguintes devem ser de treinos de retoma, recuperação do desgaste. Neste caso, também é aconselhável introduzir sessões ou exercícios de força, para recuperar e reformar os músculos. Também neste tipo de cenário, mais "condizente" com desportistas mais regulares, será importante que os fartleks sejam efetuados numa só sessão de treino, devendo o mesmo ser aplicado a treinos de séries (prefiro as de 400 m por me serem mais úteis na abordagem à maratona) e a treinos duros de subidas ou rampas com um desnível considerável, seja em serra ou em estrada. Parece muito, mas uma de corrida dá para encaixar tudo isto. Importante é haver foco e motivação no propósito do treino.
Parece uma forma de desculpar a minha gula e de justificar qualquer ingestão acéfala que tenho por hábito levar a cabo. Ainda assim, não é por isso que trago este texto a exposição hoje. Ser pai ou mãe é não ter regras, como todos os que o são sabem. Isso afeta a qualidade do sono. Até aqui, nada de novo. Como essa afetação, é o nosso sistema nervoso e de autorregulação que sofre. Este processo vai depois ter fortes implicações na forma como o nosso hipocampo vai regular a nossa fome, o filtro do córtex central e o nosso sono. Assim sendo, é bastante comum não se conseguir controlar aquilo que se come nem as horas a que se come. Não é gula, chama-se mecanismo de compensação e visa usar a comida como forma de equilibrar as perdas do corpo provocadas pela ausência de períodos mais prolongados e reparadores de sono. A parte do córtex central foi aqui referida para vincar que o nosso humor e que a nossa capacidade de discernimento sofrem a bom sofrer. No meu caso, notei muito mais dificuldade para controlar os meus impulsos alimentares. O problema já vinha de trás, mas agrsvou-se claramente com a chegada do Mateus e com tudo aquilo que isso implicou. Felizmente, não foi deixar de comer bem para comer mal, teve, sim a ver com a quantidade de comida ingerida, o que me obrigou a treinar mais para transformar energia em músculo ou, pelo menos, para não deixar que essa energia passasse a gordura pura. A adaptação e a reinvenção de treinos também não foi nada benéfica a esse nível. Não consegui dizer que não muitas vezes e perdi as estribeiras outras tantas. Foi e está a ser um período de grandes desafios e mesmo muito complicado de lidar, mas sempre ouvi dizer que o que não nos mata nos torna mais fortes...quando se entra na parentalidade, o "fortes" também pode ganhar dimensão física.
Esta análise habitual é um pouco bizarra em 2020, isto face à ausência de provas da minha pessoa, primeiro, por motivos pessoais, depois, por causa da pandemia.
Como mostram as imagens da minha aplicação de gestão, andei imparável de janeiro a meados de março. Nunca corro tanto e nunca me senti tão vivo e desafiado em termos de resistência. Bati os meus recordes de corrida e isto num nível aceitavelmente bom e constante face ao mesmo período de 2019. Não me posso mesmo queixar, porque o meu corpo foi tirando proveito da forma alcançada no final de 2019. Chega-se a pandemia e o método se treino muda: os pés largam a estrada e aterram na pedaleira da estática. Para manter o nível de perda diária, aumentei a carga em meia hora face ao que teria feito em estrada. Como se pode ver, o número de km em abril (percorridos na estática) constituíram um autêntico recorde de treino. Após o nascimento do meu filho e alguns ajustes na rotina da família, no final de maio, foi hora de retomar a estrada e de ainda ir a tempo de passar os 100 km. Em junho, já com uma metodologia mais definida, aumentei a carga e a duração dos treinos. O que os gráficos não mostram é a intensidade, a duração nem mesmo a frequência dos trabalhos de reforço muscular que foram uma constante em todo o processo, com especial incidência nos meses sem estrada. Além disso, para final, também não fica evidente que quis retomar maio e junho como se nunca tivesse deixado de correr e esse foi um enorme erro do meu corpo, ou melhor, meu.