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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

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31
Jul20

Mais um, este o mais saboroso


João Silva

O dia de hoje marca o meu 32.º ano de vida.

Um momento que, este ano, é ainda mais especial pela presença de um novo amor na minha vida. 

Antes de 2020, já tinha quem me amasse. Sem dúvida que a pessoa responsável por esse amor continua a ter um lugar extremamente importante no meu coração. Até porque as coisas não se misturam. E isto para dizer o quê? 

Que estes 32 anos se tornam mágicos por ter agora em casa um ser com três meses e um dia que me ajudou a perceber o que é o amor incondicional.

E não, não consigo passar para as palavras a força desse sentimento.

Digo apenas que até me dói o coração de felicidade quando esse pequeno ser mágico levanta a cabeça quando me ouve a chamar por ele ao chegar a casa.

E o sorriso que manda logo de seguida?

Não consigo nem expressar. Essa foi e é a minha maior e melhor prenda de aniversário, "co-oferecida" e co-produzida pela outra pessoa mais especial da minha vida.

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29
Jul20

A Maratona de Berlim vista por quem já a correu


João Silva

A oportunidade surgiu e não a podia enjeitar.

Conhecedor da minha grande paixão por maratonas, o jovem de 69 anos que dá pelo nome de Manuel Sequeira e é jornalista/repórter/redator na Revista Atletismo, cedeu-me uma reportagem da sua autoria sobre a Maratona de Berlim.

Claro que não podia ficar "quieto" e sem me aguentar lá lhe pedi para republicar este texto grande que ele escrevera para a edição em papel da Revista Atletismo.

Gentil como só ele, deu-me autorização para partilhar convosco todo o seu testemunho.

Espero que, tal como eu, se deliciem com esta aventura do Manuel Sequeira, uma espécie de atletismo com pernas...

Maratona Berlim.jpeg

O que acharam deste testemunho deste homem?

27
Jul20

1, 2, 3, uma entrevista de cada vez


João Silva

Hoje temos uma estreia nesta rubrica.

Pela primeira vez, vou "dar voz" a uma pessoa que não conheço pessoalmente, mas por quem tenho uma grande estima e admiração.

Como não podia deixar de ser, é mais um "papa-maratonas" e é aí que começa o meu processo de fascínio pela sua carreira.

Além de tudo isto, Manuel Sequeira é ainda jornalista/repórter na Revista Atletismo.

Na verdade, na sequência de um e-mail para aquela publicação em 2019 onde dei a conhecer a minha história, foi ele que tomou a iniciativa de estabelecer contacto. Sempre muito cordial, rapidamente se percebeu que este homem transpira atletismo por todo o lado. 

Perante isto, era impossível não o trazer para este espaço. Vem, estou certo disso, enriquecer o blogue e oxalá possam beber dele muitas informações e histórias dignas de registo. Este homem teve a incrível gentileza de refletir muito bem sobre as diferenças do atletismo ao longo dos anos. Não desfazendo de nenhuma resposta, aquela que se refere às diferenças na modalidade vale cada linha.

Uma pessoa com tanta história tem de a poder contar. E é isso que pretendo: que nos faça perceber, uma vez mais, que velhos são os trapos.

Fiquemos, pois, com Manuel Sequeira:

Sequeira-Corrida Dublin com minha mulher.jpg

 

 

  • Nome

Manuel Sequeira

  • Idade

69 anos

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  • Equipa

Como atleta popular, vou correndo pelo Grupo Desp. e Cultural dos Trabalhadores da Repsol Polímeros e Associação Talentos Team.

  • Praticante de atletismo desde

Comecei a treinar aos sábados com um grupo de amigos na Primavera de 1980. Sou dos tempos onde correr nas ruas era uma “aventura”, ouvindo todo o tipo de comentários depreciativos, tipo “vai trabalhar malandro, para trabalhar não corres tu!”.

A minha primeira corrida (noturna) foi em 15 de Setembro desse ano, com cerca de 10 km. A Corrida do Bocage, prova integrada nas comemorações do poeta setubalense. Demorei 50 minutos. A partida e meta eram no interior do Estádio do Bonfim. A bancada central estava cheia de espetadores porque, entretanto, havia outros eventos desportivos. No dia seguinte, fartei-me de ouvir “bocas” de colegas da Setenave (onde trabalhava) que me tinham visto a correr.

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  • Modalidade de atletismo preferida

De há uns anos a esta parte, prefiro as provas de estrada. A razão é muito simples, são de menor desgaste comparativamente com as atuais provas de trail. Durante boa parte da minha vida desportiva, gostava mais de participar em provas de montanha, era habitual participante das provas do António Matias, pioneiro em Portugal na montanha. Mas a idade não perdoa, daí agora, uma maior opção pela estrada.

  • Prefere curtas ou longas distâncias

Curiosamente e durante muitos anos, a minha distância preferida era a meia maratona. Nunca fui um corredor rápido, muito raramente fazia séries, optando quase sempre pela corrida contínua. Por isso, não apreciava muito as provas de 10 km, corria-as em 40/45 minutos mas eram muito rápidas para mim. Claro que com os anos (velhice), as preferências vão-se alterando e mais a partir dos 65 anos de idade, quando a quebra começa a ser maior, a maior parte das provas em que participo têm 10 km.

  • Na atual equipa desde

Nunca trabalhei na atual Repsol, foi um amigo de Setúbal que corria e trabalhava lá, que me convidou a fazer parte do Grupo Desportivo e a correr por eles. A empresa chamava-se então Petroquímica e sofreu várias alterações no seu nome conforme ia mudando de dono.

Durante uma boa meia dúzia de anos, fui dirigente e corredor da Associação de Atletismo Lebres do Sado e obviamente, corri então a maior parte das provas por eles. Mas quando corri a minha centésima meia maratona, (Évora-Arraiolos) em 9 de Dezembro de 2001, fiz a primeira metade da prova com uma camisola e a segunda parte com a outra do segundo clube que levava dentro de uma bolsa à cintura.

Atualmente, sou sócio da Associação Talentos Team, clube de Setúbal fundado há poucos anos com um excelente ambiente entre os atletas. Identifiquei-me com eles desde o momento que os conheci e tenho corrido várias vezes pelo clube.

  • Volume de treinos por semana

Treino pouco, em média três vezes por semana. Duas vezes na casa dos 30/40 minutos e uma vez, à volta de uma hora. É o suficiente para participar em provas de 10/15 km. Se o objetivo for participar numa meia maratona, aumento a quilometragem mas mantenho os três treinos por semana. Antigamente, treinava em média quatro vezes por semana, mesmo quando me preparava para a maratona, claro que com outra quilometragem.

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  • Importância dos treinos

Os treinos são fundamentais para estarmos preparados no desempenho de uma qualquer atividade desportiva, seja ela individual ou coletiva. É o que se passa no atletismo. Basta ver como nos sentimos quando estamos uma ou duas semanas sem treinar e vamos participar numa corrida. Ainda assim e nas pequenas entrevistas que faço após as corridas, deparo-me com alguns corredores que não treinam durante a semana mas não falham as corridas domingueiras. Não é aconselhável tal prática.

  • Se tem ou não treinador

Nunca tive um treinador. E apenas seguia um plano de treinos elaborado por mim quando me preparava para as maratonas ou distâncias superiores.

  • Diferenças existentes entre o atletismo passado e atual

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As diferenças são enormes, a começar pelos meios tecnológicos disponíveis. Antigamente, seria praticamente impossível realizar-se uma prova com 10 mil participantes, como já vamos tendo em Portugal. Então, as provas com 30 ou 40 mil…Não havia chips, um avanço determinante que proporciona haver tanta gente numa mesma prova.

Antigamente, quando acabávamos uma prova, ficávamos num funil que dava voltas e voltas até chegar a nossa vez de entregar o dorsal e receber a t.shirt ou diploma e alguma lembrança. E muitas vezes a chover torrencialmente, cheguei a estar mais tempo na fila do que o demorado na prova!

Os dorsais tinham os números escritos muitas vezes à mão. Quando chovia, era frequente, os dorsais ficarem destruídos, sem o número visível.

As classificações eram feitas à mão. Os prémios começavam a ser distribuídos 1h30m/2h depois dos primeiros terem chegado! Quando alguém do grupo tinha hipóteses de ser premiado, ficávamos à espera até bem depois do meio-dia. Isto para uma prova que podia ter terminado às 10.30.

Depois, as inscrições eram feitas pelo correio, envio dos dados dos inscritos e cheques.

As inscrições eram gratuitas, o que fazia com que equipas inscrevessem todos os seus corredores, sem saber se eles estavam ou não interessados em ir a essa prova. Dava-se muito trabalho e despesas desnecessárias às Organizações

As distâncias das provas não eram frequentemente rigorosas, pecando muitas vezes pela falta de centenas de metros.

Não eram raras as provas com trânsito, os carros a passarem pelo meio dos corredores. Poucas provas tinham a polícia a orientarem o trânsito.

Não havia wc’s. Ou havia cafés ao pé das partidas ou então, o recurso era “regar” as árvores. A situação era mais complicada para as corredoras do sexo feminino.

Os abastecimentos falhavam muitas vezes. Agora, isso acontece raramente. Hoje, uma prova mal organizada é que é notícia, melhorou-se imenso o nível organizativo das provas em Portugal.

Não havia muitos patrocinadores privados mas as autarquias subsidiavam geralmente as provas. Estas tinham muitas vezes prémios elevados, na casa das muitas centenas de contos, em moeda antiga.

Também havia muito pouco informação técnica. Apenas a Revista Spiridon e mais tarde, a Revista Atletismo. Hoje e com a internet, há um grande manancial de informação que nos permite preparar adequadamente, seja a nível técnico como nutricional.

Hoje ainda, as despesas com a organização de uma prova são enormes a começar com o iva. Por cada inscrição que fazemos, o Estado fica com 23%! E depois, são taxas e taxinhas para as Associações Regionais de Atletismo, para as Câmaras, taxas de ruído, de ocupação de espaço, a polícia. Quem critica o preço das inscrições, não imagina quando pagam a Organizações nas taxas e licenças.

Baixou muito o nível competitivo

Costumamos dizer e com razão, que baixou muito o nível do meio fundo e fundo em Portugal nos atletas de elite. Para além de Carlos Lopes e Fernando Mamede, Rosa Mota e Aurora Cunha, tivemos mais de uma dezena de atletas que foram dos/as melhores do mundo. Agora, o nível é extremamente baixo. Mas o mesmo se passa nos atletas populares. Sempre fui um “Zé Ninguém” no pelotão, um dos muitos anónimos do pelotão. Dou apenas quatro exemplos:

  • O meu recorde pessoal da meia maratona foi fixado na Ponte 25 de Abril, em 1993, com 1h24m14s. Fiquei então em 1.160º entre 4.261 classificados. Com o mesmo tempo na edição do ano passado, teria sido o 311º entre 10.607 classificados.
  • Na minha primeira maratona em 1983, fiz 3h37m13s. Fiquei nos últimos, em 161º entre 176 classificados. Na maratona de Lisboa do ano passado, com o mesmo tempo teria ficado em 920º entre 4.442 classificados.
  • Na Corrida do 1º de Maio em Lisboa, em 1993, terminei em 301º entre 895 classificados com 58m51s. Na edição de 2019, teria sido o 28º em 1.043 classificados.
  • Na Corrida dos Sinos em Mafra, em 1991, fui o 712º com 1h04m14s em 1.566 classificados. No ano passado, teria sido o 161º entre 1.575 classificados.

Na minha opinião, a razão está em hoje correr-se com outro espírito. Há menos competitividade no pelotão, interessa mais acabar bem do que lutar por um grande tempo. Prefiro o espírito de hoje.

  • Histórias insólitas, curiosas ou inéditas

Quando se corre há 41 anos, tem de haver sempre estórias curiosas. Aqui vão três delas:

  • - Fui uma vez correr o GP do Museu Ferroviário no Entroncamento. Saí de Setúbal de boleia com um amigo que também ia correr e com as nossas mulheres. Perdemo-nos no caminho e quando vi que íamos chegar atrasados à partida uns minutos, telefonei a um companheiro do clube. Pedi-lhe que entregasse os nossos dois dorsais a alguém da Organização que ficasse na meta. Assim aconteceu e lá partimos uns 5/10 minutos depois da partida oficial. Tinha dito ao meu companheiro de infortúnio: “Não te preocupes que daqui a pouco, apanhamos os mais atrasados e depois, é só seguir o percurso”. O problema é que não encontrávamos os mais atrasados. No início, fomos perguntando aos transeuntes que nos iam dizendo “eles passaram por aqui ou por ali”. Mas chegámos a um momento que estávamos completamente perdidos e ninguém sabia por onde era a prova. Quando demos por nós, estávamos à porta do cemitério do Entroncamento! Aí, disse ao meu companheiro: “Eh pá, vamos voltar já a caminho da meta, já estamos com mais de 40 minutos, quando chegarmos à meta, já se terá passado quase uma hora”. Na altura, corria os 10 km em menos de 50 minutos. Perguntámos como ir para a meta, lá nos disseram. Quando íamos a entrar na meta, reparámos que estávamos a entrar nela no sentido inverso ao da corrida. Lá demos uma voltinha para entrarmos pelo sentido correto. Um membro da Organização reconheceu-nos e saudou termos feito a prova. Nunca sonhou como tinha sido.
  • Esta estória passou-se em 2017, numa corrida comemorativa do Comércio e Indústria, clube de Setúbal. Combinei com um amigo que faríamos a prova sempre juntos. O número de concorrentes era diminuto, ao fim de pouco tempo já o pelotão estava bem estendido. Como o percurso estava muito mal marcado, perdemo-nos. A certa altura, perguntámos a um polícia que nos mandou seguir em frente. Era um percurso parcialmente de ida e volta, não víamos ninguém a cruzar-se connosco. Percebemos que tínhamos cortado caminho. A solução foi esperar que chegasse boa parte do pelotão e continuarmos então a correr. Já a uns 2 km da meta, apanhámos o que seria o último que ia com a “atleta-vassoura”. Ele depois contou-nos que ela também se tinha perdido! Lá cortámos a meta e contei à Organização o que se tinha passado. Como não influenciámos em nada as classificações, não houve problemas. Valeu a prova ser na minha cidade e saber bem como chegar à meta.
  • Estava na Organização da Maratona dos Descobrimentos, num dos anos com a partida e meta localizadas no Estádio 1º de Maio. A poucos minutos da partida, um atleta holandês (cerca de 60 anos) pediu-me muito aflito se eu não lhe arranjava uns sapatos de corrida e uns calções emprestados. O seu saco com o equipamento tinha ficado no porão do avião e não apareceu a tempo da prova. Por sorte dele, eu estava calçado com os sapatos de treino. Ele experimentou-os e como lhe serviam, trocámos de sapatos. Ainda fui à procura de alguém que tivesse uns calções a mais mas não consegui. Voltei à partida para avisá-lo que não tinha arranjado os calções mas já não o vi.

Contei depois a situação a alguns companheiros que me disseram que se fossem eles não tinham emprestado os sapatos. “E se ele não aparece? Ficas sem os sapatos”. Pois, os dele que eu tinha calçado até eram bem velhotes. Bom. Lá fui para a meta fazer umas entrevistas a quem acabava a prova e o bom do holandês nunca mais chegava. Já depois das 4 horas de prova, lá chegou ele, muito feliz e muito agradecido a mim. Tinha resolvido o problema dos calções, correu de boxers!

  • Aventura marcante

 

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Escolho a minha participação na Maratona do Sahará, em 25 de Fevereiro de 2002. Aqui, a “culpa” maior foi da Revista Spiridon. O seu diretor Mário Machado tinha ido em tempos correr no deserto e fez uma reportagem. Fiquei admirado pela forma entusiástica como ele descrevia a sua experiência no deserto, correr quilómetros e quilómetros, só a ver areia. Uma vez, perguntei-lhe qual era o prazer e ele respondeu-me: “só indo lá”. Mais tare, tive a oportunidade de ir com um grupo de dezenas de portugueses correr a maratona e não a desperdicei. Foi uma experiência fascinante, o contato com aquele povo oprimido e a viver em condições muito difíceis (racionamento de água, de comida, etc) mas extremamente simples e simpático. E gostei muito de correr na areia, o Mário Machado tinha razão. Foi muito difícil, apanhámos muita areia solta mas acabei em 4h52m30s. Fiquei em 66º lugar entre 130 classificados.

  • Participação em prova mais longa

Foi em 12 de Julho de 2003, na Noturna da Malcata, com 51 km. Fiquei em 35º entre 46 classificados. Então, eram muito raras as provas acima da maratona. E o número de participantes também era naturalmente muito baixo. Hoje, temos muitas dezenas de trails com distâncias superiores a 50 km.

A outro nível, consegui completar a antiga Volta ao Minho disputada entre 1 e 9 de Agosto. Foram 347 km em 16 etapas, corridas a uma média de 5m/km. Havia um carro da organização à frente dos participantes que regulava a velocidade. Inicialmente, correr a 5m/km era muito lento mas a partir do 4º/5º dia, começavam a aparecer as lesões que obrigavam muitos que corriam habitualmente bem mais rápido, a desistirem. Era uma Volta duríssima, em pleno Verão, com duas etapas diárias à exceção de dois dias. Chegámos a fazer 52 km num só dia, em constante sobe e desce. Com um enorme sacrifício nos dois últimos dias, consegui chegar à meta em Braga como um d os sobreviventes. Durante uma semana, mal conseguia andar, tinha ficado com um “andar novo”.

  • Objetivos pessoais futuros

Quando se está prestes a completar 70 anos de idade e se corre há 41, os objetivos futuros só podem passar por poder continuar a correr, sem quaisquer preocupações quanto a tempos. Quero continuar a correr muitas provas de 10 km e duas ou três de 15 km. Sou totalista de corridas na Ponte 25 de Abril, para o ano ainda penso correr a Meia Maratona mas deve ser a minha última. Depois, farei lá apenas os 10 km. Já demoro mais de duas horas a correr a meia maratona, é muito tempo para poucos quilómetros, os últimos já são penosos.

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  • Como vê o atletismo daqui a 5 anos

Fazendo votos que o atual constrangimento provocado pela pandemia do coronavírus seja ultrapassado a curto prazo (4/5 meses), prevejo um grande aumento de participantes nas provas populares. Em 2019, tivemos 60 provas de estrada com mais de 1.000 participantes. É previsível que daqui a cinco anos, tenhamos não 60 mas 150/200. Embora ainda longe da média europeia, temos cada vez mais gente a aderir ao mundo da corrida.

Seria desejável que o Governo, autarquias e Federação através das suas Associações Regionais, baixassem as taxas que atualmente se paga, a começar pelos 23% das inscrições. Particularmente o Governo e as autarquias, promovem pouco o atletismo e ainda ganham bom dinheiro com quem corre e organiza.

  • Como se vê no atletismo daqui a 5 anos

 

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Como disse na pergunta referente aos objetivos pessoais futuros, quero continuar a participar em provas de 10 km. E quando tal não for possível, há as caminhadas incluídas nas provas para continuar a viver o ambiente caraterístico das corridas onde o convívio com os amigos é maravilhoso. O problema é que já hoje, quando estou nas partidas e olho em volta, já vejo poucos corredores conhecidos. Houve uma grande renovação no pelotão, restam poucos veteranos do antigamente.

 

 

 

 

25
Jul20

A Maratona de Médoc na escrita do Manuel Sequeira


João Silva

Dentro de dois dias, perceberão melhor quem é o "jovem" Manuel Sequeira, residente na zona sul do país.

Posso adiantar que foi um dos melhores conhecimentos que o atletismo me ofereceu nestes "pequenos" e "curtos" três anos e meio.

É um monstro das maratonas e tem a "sorte" de colaborar com a Revista Atletismo. O resto saberão depois.

Detentor de uma gentileza extrema, mostrou-me uma reportagem sua sobre a Maratona de Médoc, prova realizada em França e com característias muito específicas.

Não tinha como deixar escapar esta oportunidade, perdi a vergonha e perguntei-lhe se vos podia mostrar esta relíquia que ele escreveu para a Revista Atletismo.

Até aposto que haverá alguns de vós a querer correr uma maratona, isto depois de perceberem que se trata de uma aventura sem qualquer tipo de comparação.

Leiam e depois contem-me se já tiveram uma experiência assim (mesmo em trails).

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23
Jul20

Quando surge a velocidade num processo de retoma


João Silva

Esta questão tem muito de técnica e de controversa, isto porque cada um terá a sua forma de ver as coisas.
Ainda assim, penso que estamos de acordo, o primeiro passo é retomar, começar a sentir o chão a ficar para trás a cada passada. Lenta ou rapidamente, no início, conta é fazer, para obrigar o corpo a perceber que tem de mudar o chip.
Diria que as primeiras semanas devem incorporar um aumento gradual da distância percorrida e do tempo de atividade. Este deve também ser intercalado com caminhadas para estabilizar o corpo e para o deixar preparado.
Na fase posterior, dependendo do número de treinos de cada um, diria que as duas semanas seguintes devem ser de ganho de resistência, o que vem praticamente com o acumular de quilómetros nas pernas. Esse processo de acumulação deve ser gradual, permitindo ao corpo assimilar novas cargas.

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Ao longo deste primeiro mês, o reforço muscular também não deve ser descurado. Se não der para se fazer muito, faz-se pouco. O corpo agradece tudo.
Terminado este primeiro período de adaptação e tendo dado o devido descanso ao corpo, por exemplo, com treinos de corrida à cada dois dias, começa a ser adequado introduzir treinos de velocidade.
Ainda assim, não iria logo para treinos de séries
Optaria por pequenos sprints no final das sessões de corrida. No final da primeira semana desse segundo período, começaria com pequenos fartleks. Só na segunda semana desta fase arrancaria com jogos de ritmos, como, por exemplo, os fartleks Watson. Só à entrada na terceira semana incluiria os treinos de séries.
Naturalmente, isto não é uma coisa exata, cada um deverá conhecer o seu corpo e o nível com que retoma a atividade física.
Ainda assim, esta parece-me ser uma boa forma de voltar a introduzir a velocidade e a explosividade na forma física.

21
Jul20

Uma retoma como mandam as regras


João Silva

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Desde logo, algo que este louco não fez. Nunca na vida se retoma a prática de uma modalidade como se não tivesse acontecido nada durante dois meses. Este princípio vale ouro e pode salvar corpos de lesões. Para o meu já vem tarde.
Antes de mais, teremos sempre de avaliar em que ponto estamos, se parámos, quanto tempo estivemos parados, se apenas mudámos a modalidade mas continuámos com uma grande intensidade, quais as características dessa nova modalidade e como podem ser utilizadas na retoma à antiga.
Findo este processo, mais do que objetivos a longo prazo, é, a meu ver, necessário traçar uma linha para recuperar a forma daquela atividade. No meu caso, mantive a forma física, mas perdi a forma de corredor de fundo e a elasticidade, já que deixei de fazer alongamentos e ioga, com o objetivo de canalizar melhor o tempo de treino para exercícios efetivos e específicos.

A partir daqui, a inclusão de corrida e de quilometragem deve ser gradual.
Não pode ser como fiz e arrancar logo com mais de 1h e a um ritmo intenso ao ponto de começar a endurecer músculos e de provocar lesões nos adutores.
O trabalho de força, sobretudo, o de estabilização não deve faltar. Diria mesmo que é obrigatório. Ainda que possa ser em quantidade reduzida, esses exercícios não devem faltar.
O fortalecimento do core também não pode ser descurado. O corpo vai sentir tudo à dobrar.
Por ter querido de mais em tão pouco tempo, não percebi que o impacto me ia apanhar como nunca. As dores chegaram ao nível das que senti quando comecei a correr, quando era obeso.
Na fase seguinte, importa perceber o tempo destinado ao exercício e os objetivos a longo prazo, porque isso vai determinar a velocidade a que é possível retomar a corrida.
Na altura em que escrevi esta publicação, não havia previsão de provas. Portanto, dava para ir com calma. Tinha no horizonte a prova já paga em novembro, mas dava perfeitamente para fazer de maneira diferente. Para ter paciência e dar descanso ao corpo nos processos.
A moral disto tudo é que o corpo não deixou de saber correr, mas precisa de tempo e "compaixão" para regenerar. Disso e de alongamentos. Percebi novamente que não funciona correr sem alongar o corpo, pelo menos, no fim. Entorpece tudo, se não houver eliminação de radicais livres.
Portanto, uma vez mais, perdi uma excelente oportunidade de mostrar que é possível levar tudo com calma. Este tem sido o meu grande problema desde o início: um ser pouco emotivo no geral mas que se deixa iludir pela sensação de controlo e se deixa levar pelo impulso, neste caso, desportivo.

19
Jul20

Onde para o descanso quando é mais requisitado?


João Silva

 

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Descanso é treino. É uma forma de recuperar do esforço e de permitir que o corpo assimile os tratos dados na sessão de treino ou em competição.

Que um pai recente é uma pessoa cansada, disso não há dúvidas. Nem sequer me estou a lamentar. Não fui o primeiro e não hei de ser o último a passar por isso. Portanto, faz parte do processo.

Aqui o foco do cansaço vai depois para a (in)capacidade para o meu corpo dar uma resposta funcional. Nos últimos meses, regra geral, os treinos parecem sessões de tortura, não pela falta de vontade, porque isso não entra neste dicionário, mas pela falta de frescura física para responder à altura do que quero.

A capacidade mental diminuiu muito desde o dia 30 de abril. Na verdade, embora estivesse longe de saber qual a dimensão da pancada, estava certo de que a levaria. Só não sabia que iria passara alguns treinos como zombie. A sensação que tenho, e sei que é apenas fruto do desaste do momento, é que o descanso não existe. E sem ele fica mais difícil fazer alguma coisa de jeito em termos físicos.

Estou naquela fase de tentar encaixar o trabalho com a paternidade e com os treinos. Nada de novo, nada de especial, nada digno de palavras de ânimo. Apenas a constatação de um facto e sei que sou um "afortunado" por poder trabalhar a partir de casa . Ainda assim, tal significa que são muitas as vezes em que acordo às 4 ou 5 da manhã, no fundo, aproveitando o embalo dos despertares do senhor Mateus, e vou treinar...Quer dizer, vou mexer o corpo e tentar fazer algo pela minha saúde, o que acaba por ser um contrassenso, tendo em conta que isso deveria implicar descanso. Só que eu roço a estupidez e a mediocridade a esse nível e aí fica mais díficil. 

Sou um pouco a personificação daquele ditado: "os cães ladram e a caravana passa". Conclusão: cansaço e saturação nos píncaros, descanso nas lonas, sanidade mental e física inexistentes.

17
Jul20

De pequenito se aprende o manguito


João Silva

Ainda nem tem voz ativa na sociedade e já manda.

Sim, falo do meu pequeno. Certamente que todos os pais têm destas particularidades com os seus rebentos, mas não deixou de ser um aspeto que despertou a miha atenção: desde tenra idade, ainda nem uma semana tinha feito, o pequeno Mateus começou a presentear-nos com o levantamento (involuntário, claro) de um determinado dedo do meio.

Foi, pois, desde muito cedo que começou na arte do belo manguito.

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E que bem que a domina. Parece-lhe "natural".

Volta e meia, dizíamos algo como "dorme, filho, não precisas de lutar contra o sono".

Ele esboçava um sorriso do alto da sua capacidade reflexiva e junto à cintura lá havia uma mão com o dedo do meio a mostrar que estava completamente de acordo com o que lhe estávamos a dizer.

 

15
Jul20

E não é que já é um lutador?


João Silva

Esta é a história de um menino que nasceu a 30 de abril de 2020.

Dá pelo nome de Mateus e já leva 2 meses e meio desta vida.

E o que já salta à vista?

É que o rapaz é incansável. Sim, não sei onde foi buscar a ideia de que era fixe lutar contra o sono.

Aparentemente, é comum isso acontecer com os recém-nascidos. Este não fugiu à regra, mas o que eu (nós) não sabia era que bater em si próprio e arranhar a própria cara era uma estratégia infalível para evitar esse bicho do demo que é o sono.

Ainda funcionou durante algum tempo. Até que os papás, sim, esses seres que nada têm contra o sono e que, tomara eles, só queriam era poder dar-se ao luxo de ter sono a mais, isto é, o stock já reposto e a transbordar, lá começaram a perceber que aquela mão direita a levantar era sinal de ataque aos próprios olhos.

Além das mãos, outra ferramenta muito especial para conter essa "doença" chamada dormir é, ao que consta, esbugalhar os olhos.

Mais uma vez, foi bastante curioso o pai deste menino Mateus procurar embalá-lo na sala, em plena madrugada e às escuras, e sentir "dois faróis" a mirá-lo e a tentar hipnotizá-lo.

É caso para perguntar: mas que mal te fez o sono, rapaz?

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13
Jul20

Alongamentos: "cá deles"?


João Silva

Começo este texto por algo que nada tem a ver com o desporto e por congratular a minha mãe, que hoje faz mais um ano.

Não é pelo facto de ser minha mãe que assim tem de ser, mas, de facto, temos uma história de grande cumplicidade até aos meus 16 anos. Depois disso, o amor manteve-se mas muitos outros fatores foram criando um certo distanciamento. Ainda assim, não é motivo (nem nunca foi) para não lhe dar os parabéns. Gosto muito dela e agradeço muito o facto de ter ficado com os (alguns dos) seus genes. Saí claramente a ganhar com isso.

Terminada esta divação, falo-vos do tema desportivo de hoje: alongamentos.

Quais alongamentos?

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Pois, pela boca morre o peixe. Sempre defendi e fiz alongamentos que davam para mim e para uma equipa inteira. A verdade é que isso nos faz chegar a outro patamar, sobretudo, quando o corpo precisa de "matar" o desgaste e de eliminar eventuais formações de radicais livres.

Trata-se da forma proativa mais eficaz contra lesões. 

Exato. Tudo isto é muito lindo, mas desde o início de 2020, sempre na ótica de aproveitar todo o tempo disponível para fazer exercício/treinar, comecei a cortar nas sessões de alongamentos. 

Consigo perceber claramente o enferrujamento do corpo, agora que estou em fase de retoma de treinos de corrida.

Desde o início da quarentena que não fiz alongamentos. Aliás, foram muito raros. Só no dia 30 de maio, após 20 km corridos, é que voltei a alongar a sério e foi triste ver um corpo que outrora foi funcional estar tão perro. 

A sensação que deu foi que parei de fazer exercício, a realidade é que descurei por completo este tipo de treino tão ou mais importante do que o "ativo". E fartinho que eu estou de saber isso...Quer dizer, aparentemente, faz o que eu digo, não faças o que eu faço.

 

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