Uma vez mais, este tema surgiu-me como apropriado para este espaço na sequência do podcast "magistral" Dans la tête d'un correur.
Durante um treino, lá veio este assunto e foi aí que me dei conta da sua pertinência. Claro que é extensível a qualquer modalidade e a qualquer atleta, sendo que aqui o foco foi dado aos profissionais.
Será que o adiamento (como aconteceu, por exemplo, com a Meia Maratona de Paris ou a Maratona de Paris) pode ditar a perda de forma de um atleta?
Fala-se nestes dois eventos por exigirem uma preparação de semanas.
Tal como o treinador que aparece no podcast, também acho que, em primeira linha, nunca se trata de perda do que quer que seja. Sendo desporto e sendo praticado com moderação e inteligência, é sempre vantajoso para o corpo.
Claro que há um grande constrangimento, porque chegar ao pico de forma requer disciplina, foco, sofrimento e concentração. Ou seja: implica restrições e "abstinências". Implica escolhas e metodologias.
Nesse sentido, é normal e saudável que haja manifestação de desabafos e de queixas. No caso em análise, os motivos residiam na proliferação do novo vírus, o que, claro está, era nefasto para todos os participantes. Portanto, como forma de deixar a panela de pressão libertar algum vapor, no dia da prova ir fazer uma corrida longa. Em todo o caso, já era isso que iriam fazer.
Voltando à questão do pico de forma, estima-se que aguentará assim durante 4 semanas, pelo que, havendo outras competições, é possível canalizá-lo até ao próximo grande evento.
Por outro lado, parte-se de um princípio de que só se tem "aquela prova". É por isso que falo sobretudo nos profissionais. Nesse sentido, importa também transportar esta ideia para eventos muito distanciados, como o caso das maratonas, em que não é aconselhável realizar várias de enfiada ou em datas muito próximas.
Posto isto, acrescento ainda que é necessário canalizar o foco para o que vem a seguir. Se pensar que não valeu a pena ter passado por todo aquele esforço, então vou perder rapidamente a motivação.
A prova deve ser o auge da preparação, mas, no meu entender, não deve ditar a exclusiva motivação do atleta.
"Nada se perde, tudo se transforma."
Concordam?