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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

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31
Jan20

Diz quem sabe, ouve quem gosta


João Silva

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Como já aqui o escrevi, sou um seguidor confesso e inveterado do podcast francês Dans la tête d'un coureur.
Não só pela simplicidade e pela despretensão com que expõem os conteúdos, mas também por um deles ser/ter sido um treinador da equipa nacional francesa de atletismo. Portanto, sabem na perfeição do que falam. Adicionalmente e como grandes vantagens, estão nos principais eventos mundiais, abordam outras vertentes do atletismo como trail e triatlo e contam com os vereditos de verdadeiras estrelas do atletismo francês.
Foi, pois, num destes episódios que fiquei a saber mais aspetos interessantes e importantes.

 

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Desde logo, um plano de treinos de um atleta deve ser composto em 80% por treino de endurance. Isto é: treino/corrida de sessões longas, trabalho de resistência, capaz de garantir que o atleta aguenta a carga. É o chamado "meter quilómetros nas pernas" e é de extrema importância para trabalhar o corpo para grandes distâncias.
De seguida, 10% devem ser dedicados a trabalhos de velocidade. É neste ponto que entram os treinos de ritmos, os intercalados, os sprints puros. Este conjunto vai garantir explosividade, capacidade de alternar ritmos e cadências e ainda permite gerar energia nos músculos sem ação do oxigénio, pois são exercícios anaeróbios. Pela sua agrassividade, é importante não abusar, mas também não podem ser descurados.
Por fim, os restantes 10% incidem sobre um dos pontos mais importantes, o descanso, elemento que permite a assimilação da carga e a tradução desse processo numa evolução.
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A acrescentar a todo este fascínio, o treinador em causa expõe ainda um facto curioso, sendo posteriormente apoiado por uma fantástica triatleta francesa que esteve presente nos Jogos Olímpicos do Rio: para correr, por exemplo, a uma média de 12 km/h, um atleta deve centrar a maioria dos seus treinos a 11 ou mesmo a 10 km/h.
O exemplo serve na perfeição o meu casa, já que o valor atual anda nessa ordem, sendo que eu faço mal o seguinte: procuro treinar o mais possível a 12km/h em vez de me manter num ritmo mais baixo para depois ter alguma "liberdade" para subir em provas, por exemplo.
Esta ideia reforça claramente o ponto exposto no inicio: mais do que a rapidez constante, um atleta deve privilegiar a resistência e a "durabilidade" das suas energias, pois só isso permitirá chegar a patamares superiores de forma mais sustentada.

29
Jan20

Mais facilmente se transforma em menos


João Silva

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Muitas vezes, há o problema de falta de conhecimento. 

Cresci a ouvir: quem não sabe é como quem não vê. Acredito piamente nisso e sou, confessamente, uma pessoa ávida de conhecimento. Como não podia deixar de ser, a minha procura incessante por saber mais sobre o que me interessa transporta-me com muita facilidade para o extremo do conhecimento.
Saber de mais também pode ser um problema.
Obviamente que não sei tudo e nem estou a afirmar isso, mas ter uma grande base de sabedoria em determinados assuntos pode levar-nos a conclusões e a situações de desconforto.
É assim com a comida e sei claramente que isso me inibe de tal forma que me impede agora de comer determinadas coisas. Ou melhor: apagou-me de tal forma a vontade que nem sequer penso nelas. E nem estou a falar de alimentos que me possa ser prejudiciais.
Depois, e era aqui que queria chegar, tenho uma grande base de exercícios de reforço muscular e de treinos. Como não sei lidar bem com isso, procuro, em determinadas fases, fazer tudo, o que culmina em perturbações de desempenho e em angústias e ansiedades desmedidas.
Além disso, quando fico algum tempo sem fazer um ou outro tipo de exercício mais importante, começo logo a questionar-me.
Chego a amaldiçoar muitas vezes o facto de "saber de mais", não porque isso seja mau, porque não o é, mas porque sinto que não sei lidar bem com isso. É uma viola que eu não sei tocar.
Sou assim com algumas coisas na vida e isso acaba por me inibir, porque não corro o "risco" de improvisar. O meu improviso é antecipado.
Seja em desporto ou fora dela, também são assim?

27
Jan20

Sem acomodações mas também sem exageros


João Silva

É a grande moral de toda esta história.

Dizem-nos muitas vezes que temos de sair da zona de conforto e que não nos devemos acomodar.

Tudo isto é muito bonito e muito verdade, mas também é necessário ter cuidado com tudo isso.

Primeiro, é crucial avaliar até que ponto nos acomodámos.

Naturalmente, falo da parte desportiva, mas também se aplica a tudo na vida.

Por vezes, as pressões, as nossas e as externas, levam-nos a fazer avaliações erradas e precipitadas, mas é importante manter a clarividência.

Os estímulos e as mudanças devem ser feitas com um propósito, o de garantir evolução e de nos fazer melhorar. Ao mudar de método de treino/trabalho, não importa, de todo, atropelar processos.

Portanto, se sentirem que o modelo tem dado frutos, aguentem-no mais um tempo e, a espaços, incutam algumas alterações para vos dar estímulo.

Não se mandem logo para fora de pé. A queda vai doer.

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25
Jan20

Porquê (e para quê) querer mudar tanto tão rapidamente


João Silva

Resposta certa: porque a insatisfação é constante e, por vezes, cega ao ponto de não perceber que não se mexe (muito ou quase nunca) em equipa que ganha, já diz o ditado.
Ora, a tese é a seguinte: se mudaste e correu bem, não tens de começar do zero. Já criaste uma base de trabalho bem-sucedida, pelo que deves saber ter calma e descernimento para analisar a evolução.
Se quiseres passar para um patamar superior, então, precisas de ajustar e de acrescentar novos métodos.
Se não queres já entrar num nível mais avançado, então, deves dar o benefício da dúvida e manter a forma de trabalhar.
Isto é uma crítica direta para mim: preciso de implementar alguns ajustes para poder subir o rendimento, mas tal não pode significar pôr em causa tudo o que fiz antes. Não há razão para isso.
Outra forma de explicar esta necessidade assenta no vasto leque de exercícios e de técnicas de que já disponho. Então, acabo por querer fazer tudo de uma vez e atropelo processos.
Para terminar, dou conta de uma idiossincrasia muito própria: não gosto de operar mudanças, mas não paro de pensar em formas de mudar.

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23
Jan20

Pensa, reflete, repe


João Silva

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Um belo ciclo. Como passo demasiado tempo dentro do meu corpo, estou sempre a pensar em tudo: no que fiz de mal (75% do tempo), no que preciso de fazer ou mudar para ficar bem (15%) e no que fiz de bem (10%).

Não me queixo por refletir, considero que é isso que me leva onde quero chegar. O problema é isso não me largar quando era suposto.


Levo-me demasiado a sério, bem sei. Há razões para isso, mas não são para aqui chamadas.


Durante os treinos, reflito e perspetivo as melhorias.

É certo que se trata de um processo permanente e permanentemente inacabado, mas permite-me organizar a minha vida.

Talvez a grande mudança da minha seja agora responsável por esta constante reflexão.

Quer dizer, não é talvez, é com certeza. Não saber se estarei à altura dá comigo em doido e tem-me feito questionar tudo. Novamente.

Eu bem digo: pensa, reflete, repete.

21
Jan20

Aquele vazio com o coração cheio


João Silva

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Parece poesia, mas não.

Trata-se de mais uma reflexão.


Sim, parece que estou a fazer de janeiro o mês dos pensamentos profundos.


No fundo, já aflorei esta questão nos últimos dias: passo meses a fio a preparar o meu grande objetivo. Corro-o, felizmente tem corrido bem, chego ao fim e depois vem um marasmo.


Não em termos de treinos, continuo a correr e a treinar todos os dias. Não dou tréguas nesse aspeto.

Porém, tenho percebido, e já lá vão três oportunidades, que a cabeça não fica logo pronta para outra.

É como se me apagassem a memória e estivesse a preparar tudo do início, do quilómetro zero.

Cria-se ali um marasmo, um hiato tão difícil de resolver. Faz-me questionar tudo, o que não é mau, mas obriga-me a perder muito tempo com coisas desnecessárias.

Não sei se acontece o mesmo por essas bandas, mas gostava de saber, claro.

 

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19
Jan20

Quando o prejudicial é também necessário


João Silva

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Admito que possa parecer um contrasenso, mas não o vejo como tal.

Tenho, volta e meia, momentos em que preciso de deixar o coração brincar e fazer o que quer. Para tal, é necessário desligar um pouco o cérebro. De outra maneira, não seria possível fazer treinos que me sabem bem mas que me são prejudiciais ao corpo.
Em termos emocionais, sinto que sofro muito após as maratonas e em 2019 reparei que nos dois casos precisei de algum tempo para ressacar. A forma escolhida foi correr sem destino, meter carga no corpo e seguir.
Como disse antes, isso prejudica a evolução do corpo, porque tenho perfeita noção de que abuso muito.
A "sorte", principalmente entre novembro janeiro, é que não costumo ter provas, pelo que posso abusar à vontade nos treinos.
Caramba, faz mal que dói, mas sabe tão bem que nem dá para explicar.
Portanto, no fundo, quero é saber se são iguais a mim: por vezes, fazem mal a vocês próprios porque precisam de um time out e porque vos sabe pela alma?

17
Jan20

Uma análise ao que foi 2019


João Silva

Já passaram umas semanas desde a viragem do ano, agora é tempo de olhar para trás e de fechar plenamente um ano que teve tanto de intenso quanto de extraordinário.
Com base na imagem que aqui exponho, vou tecer um breve comentário a cada mês.
Neste caso, os valores apresentados referem-se apenas a corrida. Bicicleta, bicicleta estática e caminhada não entram nesta primeira imagem.

Assim sendo:
Janeiro - viragem do ano, loucura no corpo para mostrar a alguns aquilo que já fazia antes mas que ainda não era visível em redes sociais. Um erro tremendo, porque quis adotar coisas/treinos que não eram minhas e que não sabia ainda como integrar. Primeira vez em que passei a barreira dos 300 km corridos num mês.

Fevereiro - um mês sempre estranho em termos motivacionais e nem sei bem porquê, mas pronto. Primeira prova do ano, em trail, mas foi um mês duro a fazer lembrar fevereiro de 2018, sem "depressão".

Março - preparação da maratona de Aveiro em pleno, primeira prova de estrada e eu com as teorias de que precisava de saber encarar uma prova de ânimo leve. Pior prova de sempre em 10 km em estrada e frustração para dar e vender.

Abril - primeira corrida (21 km) no distrito de Aveiro e também o mês da maratona na dita cidade. Pior meia maratona de sempre e o pior registo em maratona, onde consegui juntar um mau desempenho a um mau tempo. Salvou-se o facto de ser o aniversário da esposa e por ter criado este blogue.

Maio - mês de reflexão e de diversificação de métodos de treino e modalidades, com alguns treinos em bicicleta de estrada e de corrida em serra. Primeira vez em que faltei a uma prova e onde precisei de avaliar ao pormenor o que andava a fazer.

Junho - mês de retoma, com mais uma quilometragem de sonho e o momento em que percebi que precisava de olhar mais para mim e para os meus métodos e de me fechar perante a exposição a que me sujeitava. Os resultados ainda não eram os ideais, mas os treinos já incidiram no que precisava.

Julho - mês de muitas mudanças em termos de técnicas e de tipos de treinos que adotei. Abracei mais sessões específicas, aprendi a valorizar mais as derrotas e o mês em que corri pela primeira vez mais de 400 km. Comecei a deixar as redes sociais e hoje percebo que foi a minha melhor decisão.

Agosto - treinos em alta, novo volume máximo de quilómetros corridos, sessões muito intensas, implementação definitiva de pilates e introdução da natação. O mês em que percebi que estava a fazer um excelente trabalho.

Setembro - mês de regresso às provas, com excelentes indicações, de muita corrida (outro dentro dos 400 km) e cada vez mais a certeza de que ia acabar o ano em beleza. Momento do treino de 42,195 km.

Outubro - mês incrível com dois fantásticos resultados em meias maratonas, mas também de algum abrandamento devido à proximidade da maratona. Nestes trinta dias tive a prova provada de que a crença e os pensamentos positivos são tão importantes quanto um bom plano de treinos.

Novembro - data da minha prova de eleição, a maratona. Um mês que valeu por tudo isso e que me fez tocar no céu. Também me deu motivos de orgulho por ter feito um desmame como aqueles dos livros. O lado negro foi depois o exagero e a sobrecarga tresloucada de treinos nas duas últimas semanas. Algumas crises de confiança e de questionamento desnecessário dos meus métodos.

Dezembro - última prova do ano, bem especial, muito treino e muitos momentos de reflexão sobre os próximos passos e sobre a forma como a parentalidade me vai obrigar a reinventar enquanto atleta. Implementação gradual de novos treinos de reforço muscular e retoma de alguns treinos específicos mais intensos como subidas. Redefinição de objetivos para 2020. Foi um mês incrível em termos de distância. Percorri pela primeira vez mais de 500 km!!!

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Deixo-vos com algumas imagens do volume de treinos de corrida e de outras modalidades em 2019. Ficou a faltar contemplar os treinos de força, mas não consegui parametrizar isso nas aplicações. Por outro lado, o corpo sabe bem o que sofreu. Outro tanto em 2020 não era algo que enjeitaria. Mas já sei que não vai poder ser assim. É hora de me reinventar, claro. "Challenge accepted!"

FORAM 4098 KM CORRIDOS EM 2019! MUITO TEMPO NA ESTRADA. VALEU A PENA EM ABSOLUTO.

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Distância percorrida em 2019 nos treinos de corrida

 

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Distância percorrida em todas as modalidades que pratiquei em 2019 (não contempla os treinos de reforço muscular)

 

 

 

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Número de sessões de treino de todas as modalidades praticadas em 2019 (não contempla os treinos de reforço muscular)

 

 

 

 

15
Jan20

"Treino duro, combate fácil"


João Silva

Mais um daqueles lemas maravilhosos importados do mestre José Carlos.

Ao que parece, o mote vem dos seus tempos de instrução militar.

Também eu me revejo muito na expressão. É simples de perceber porquê: porque se me preparar com dureza e não fugir, dentro do que é um risco consciente e aceitável, vou conseguir superar todas as dificuldades que vou encontrar.

Reflete também a ideia do: "o que não nos mata torna-nos mais fortes".

Apesar de também haver momentos em que escolho percursos ou treinos mais acessíveis, só como forma de picar o ponto, não me escudo a fazer treinos duros e intensos várias vezes por semana.

É uma forma de saber que estou preparado para o desafio que vou enfrentar. Sou assim em tudo na vida. Tenho uma grande necessidade de antecipar dificuldades, porque não reajo bem aos imprevistos (no caso, falo de não estar preparado ou dotado de ferramentas para lidar com determinadas situações). Também são assim?

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13
Jan20

O percurso quer-se duro


João Silva

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Esta afirmação pode vir a morder-me é pela boca morre o peixe. É sempre a mesma coisa.
Ainda assim, assumo destemido esse lema e digo-vos claramente que não me apraz mesmo nada fazer provas com percursos totalmente planos, o que, supostamente, redundar num maior nível de facilidade.
Frequentemente, isso é feito para facilitar a conquista de tempos e para chamar um maior número de pessoas.
Percebo mas não concordo.
Uma das provas mais duras que fiz foi a da Venda da Luísa em novembro de 2019 e adorei-a precisamente pelas dificuldades.
A maratona de Aveiro também foi um bom exemplo disso.
Ou mesmo a São Silvestre de Coimbra.
São as dificuldades que nos fazem chegar mais longe e é um pouco a teoria de passar o Cabo das Tormentas para depois ser feliz.
A questão é polémica, mas gostava de saber o que acham. Até mesmo porque a questão de provas planas pode ser uma falsa questao: experimentem correr 2 km seguidos em zona totalmente reta e depois digam-me se é fácil. Ainda assim, prefiro irregularidades no percurso.

Dureza, portanto.

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