Regresso às origens com o malote cheio de desejos
João Silva
Foi a minha primeira meia. Um sítio bonito com um tempo horrível. Um dia que não esqueço em junho de 2017.
A Figueira da Foz é a minha terra natal (na verdade, é Quiaios, mas estudei naquele concelho durante muitos anos) e, por si só, esse já seria um motivo para reconsiderar voltar sempre com imenso prazer.
Já tinha feito os 21 km em treino (não poderia ser de outra forma), mas desconhecia ainda o que me esperava naquela distância em modo de prova.
A componente climatérica foi um péssimo aliado, mas tudo o resto compensou na perfeição. Fiz uma gestão ao nível das melhores que poderia esperar para mim e cheguei ao fim abaixo das 01h45, fiz 1h38. Foi mágico, ainda para mais, sempre "debaixo" do olhar a minha esposa. Mais especial era impossível.
No ano seguinte, em junho de 2018, voltei lá para mais um round daqueles belos 21 km. Correu melhor ainda, quer na gestão, quer no resultado final (baixei sete minutos ao tempo do ano anterior).
Contudo, não deixa de ser curioso que me "portei muito mal" na noite anterior em termos de comida e que tive de tomar medicação para não ser incomodado pelos intestinos. Estava com um mau humor de cão antes de sair de casa. Lembro-me perfeitamente disso.
Para aumentar esta espiral negativa, a chuva não deu tréguas e o vento também se quis juntar à festa. Passar a zona do Cabo Mondego debaixo dessa intempérie foi um desafio.
Ainda assim, essa foi a primeira prova de longa distância onde "encontrei" alguém com um ritmo semelhante ao meu. Estabelecemos contacto e ajudámo-nos mutuamente, porque, dos 10 aos 18 km, mantivemos sempre um ritmo semelhante e puxámos um pelo loutro. Quando chegámos aos 18 km, senti que estava bem, o senhor não conseguiu acompanhar e lá segui.
Foi o primeiro momento em que percebi como é importante encontrar alguém semelhante a nós para não entrarmos cedo em descompensação. Paga-se muito caro neste tipo de provas.
Dessa prova fica ainda o registo de ter reencontrado o meu estimado Ricardo Veiga, que, sem querer induzir em erro, andava a ficar "apanhado pelas corridas".
Posto este resumo das anteriores edições, regresso hoje, dia 10, à minha cidade natal para mais uma meia maratona. Vai ser a terceira, esta edição com uma nova organização e um novo percurso. Do que já pude "investigar" e "debater" com corredores conhecidos da cidade, vai ser mais interessante ainda do que em 2017 e 2018. E essa, à partida, é logo uma das minhas expetativas. Deixa-me entusiasmado.
De seguida, poder encontrar um símbolo do atletismo nacional como é o caso da Dulce Félix. Será a madrinha da prova. Quero ver se fico com um "recuerdo" desse momento.
Em termos de desempenho, vai ser complicado fazer 01h31 tendo em conta os abusos em treinos que fiz desde maio. Possivelmente, vou pagar isso. Ainda assim, vou procurar fazer muito melhor do que o registo de 01h45 na meia de Ílhavo em abril. Sinceramente, já veria isso como uma vitória.
Tão importante como o resultado é fazer com que a minha gestão seja consciente e disciplinada. Essa é a minha maior expetativa: não me deixar entusiasmar logo no início e procurar aumentar o ritmo de forma constante a partir do quilómetro número 10.
Por último, desejo que seja uma manhã maravilhosa, cheia de pessoas a apoiar, de corredores, de bons momentos e de excelentes reencontros com os do costume.