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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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25
Abr19

Sou uma tartaruga veloz...


João Silva

Trata-se de um tema sempre apetecível. Qualquer atleta se perde dois ou três minutos numa bela “discussão” sobre o assunto.

Tendo em conta o que vou amealhando de experiência, diria que a maior parte dos corredores de estrada privilegia a velocidade, os recordes pessoais e os tempos gerais. Por isso mesmo, para a maioria, interessa correr muito rápido, mais do que muito. Não é por acaso que se foca muito a questão nos minutos que se demora a percorrer um quilómetro, por exemplo. Também por isso não é de estranhar que os corredores de estrada (com as devidas exceções, nas quais me insiro) sobrevalorizem percursos planos e que esse seja um argumento de “atração” dos organizadores de provas.

A característica “resistência” é deixada mais para os corredores de trilhos ou meio fundistas e fundistas, isto porque, mais do que rapidez, se pede capacidade de sofrimento face a desníveis e a grandes distâncias. Neste tipo de provas, os percursos não são feitos a pensar em recordes pessoais, são, em vez disso, grandes distâncias ou grandes acumulados .

Não considero que estas duas características sejam incompatíveis e, na verdade, julgo mesmo que se complementam e que podem fazer o atleta evoluir positivamente.

Não sou um velocista, nem puro nem “criado”, pelo que a minha virtude se centra na capacidade de resistência. Para ganhar maior resistência e capacidade de sacríficio, é necessário fazer muitas subidas, rampas ou escadas, porque obrigam o corpo a trabalhar em desníveis desconfortáveis e com menos oxigénio do que em terreno plano.

Além disso, é importante submeter o corpo a longas distâncias. A junção do desgaste dos percursos prolongados e dos desníveis vão criar massa muscular, expandir a caixa torácica e, a longo prazo, aumentar a resistência.

Uma forte resistência, por sua vez, vai permitir manter um ritmo e uma cadência de passada constantes. Ou seja, durante uma prova de longa distância, a resistência vai, de forma indireta, aumentar a velocidade do corredor. Portanto, em última análise, há uma complementaridade.

Apesar de não me ver como veloz, procuro, de tempos a tempos, fazer treinos de velocidade, focando, sobretudo, em treinos de séries e em fartleks. A capacidade de brincar com ritmos de corrida, de aumentar durante determinado tempo e de, em seguida, abrandar, ou, por outro lado, a possibilidade de fazer sprints levam o corpo para o patamar seguinte.

Com efeito, também os treinos de velocidade obrigam o corredor a trabalhar com muito pouco oxigénio. Principalmente no treino de séries, não há margem para descansar e para recuperar da sessão anterior, pelo que o corpo vai ser obrigado a gerar oxigénio suficiente para os pulmões. Também neste âmbito a caixa torácica vai expandir.

Ora, uma vez mais se vai provar que existe complementaridade entre velocidade e resistência: por ser submetido a um exercício extremo de rapidez, o corpo vai ter de gerar resistência, por exemplo, para permitir um sprint ou uma variação de velocidade perto da meta ou numa prova curta de 100, 200 ou 400 metros.

Portanto, na minha opinião: resistência gera velocidade e velocidade cria resistência.

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25
Abr19

Carrega mas não te esqueças de aguentar a carga


João Silva

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Este tema pode desencadear muitas vezes a ideia de que se está a ser “mole” e de que o corpo aguenta tudo. Há, efetivamente, muitas pessoas com esta mentalidade e que, como aprendi com um amigo há alguns anos, está sempre “com a roda no ar”.

Se, por um lado, concordo que os treinos devam ser exigentes e extensos, pois acredito mais no benefício a longo prazo decorrente de sessões intensas e com um grau de dificuldade elevado do que em exercícios mais curtos. Com efeito, sessões mais curtas também podem ser muito vantajosas e ajudam, seguramente, a melhorar os níveis de VO2, preparando o organismo para episódios anaeróbios. Ainda assim, de forma a não criar um desconforto constante, também me parece útil recorrer a sessões mais prolongadas no tempo.

Por outro lado, é necessário dosear a carga a que subtemos o nosso corpo. E é fácil de explicar e perceber porquê: treino a mais, fenómeno conhecido como “overtraining” ou “sobredosagem”, leva a um catabolismo muscular (destruição da própria massa em vez de assimilação dos benefícios do treino). Por essa razão, torna-se importante ouvir o corpo, perceber os sinais que ele nos envia, por exemplo, através de pequenas dores em zonas como tornozelos, planta dos pés, tíbias, joelhos, virilhas, ancas ou quadris.

Outro dos sintomas manifesta-se a nível psicológico: a irritabilidade, a insatisfação com detalhes do treino inóquos e aos quais não prestávamos atenção anteriormente, a ausência de boa disposição durante todo o treino ou o “empatar” e o atrasar de exercícios de força. Quando estes fenómenos se manifestam (e acabam por “dar sinal”), é importante reduzir a carga, mudar alguns métodos de treino, não exigir demasiado de cada treino.

Ao treinar seis dias por semana, o overtraining é um problema real. No meu caso, o desempenho, sobretudo, nos trabalhos de força e o meu estado psicológico são manifestamente afetados. Além disso, começo a sentir muitos espasmos nos gémeos, por exemplo, ao dormir, e a sentir dores fortes na planta dos pés.

Embora no início não percebesse o que me estava a acontecer nessas alturas, agora já consigo lidar com isso na perfeição, também porque o meu corpo entrou várias vezes em subrendimento. Ou seja, mais do que uma aprendizagem voluntária, tratou-se de um exercício “à força”.

Assim, quando sinto que estou a passar os limites do aceitável, procuro encurtar os treinos de força (normalmente, mexo mais facilmente nestes do que nos de corrida), tento aliviar a duração dos mesmos e, nos últimos seis meses, adotei uma estratégia diferente: dois modelos de exercícios de força e de musculação; quando estou em défice, faço a versão menos agressiva para os músculos das pernas (onde sinto mais o peso do overtraining). Dessa forma, além de diversificar o tipo de exercícios de força, também dou descanso a determinados grupos musculares.

Como disse antes, sou muito mais relutante no que toca ao treino de corrida. Tenho mais dificuldade em eliminar ou alterar percursos, distâncias e tipologias do que no caso dos trabalhos de força.

No entanto, tudo é aprendizagem e acabei mesmo por ser obrigado pelo corpo a realizar mudanças: em vez de ter três treinos seguidos com subidas, escadas e séries numa só semana, passei a separar os tipos de treinos e procuro não passar dois treinos desses géneros em cada bloco de seis sessões. Isto é, por semana, faço dois treinos técnicos e mais duros e os restantes de manutenção.

Outra das mudanças que implementei para contornar a carga e o impacto no meu corpo foi passar a folga semana para o dia anterior às provas. No começo, não me importava com isso e depois notava um cansaço excessivo e permanente em toda a competição, depois disso, passei a reduzir a intensidade dos treinos mais próximos do dia do “evento”. Por último, há cerca de um ano, decidi experimentar deixar a folga para o dia anterior. Como tenho uma “manutenção” diária, a verdade é que se revelou uma ação muito benéfica para mim. Chego às provas com maior frescura: física e, mais importante, mental para poder desfrutar daquele dia como mandam as regras.

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