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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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24
Abr19

Não volto a fazê-lo, só se não calhar...


João Silva

É muito fácil cometer erros em treinos. Desde logo, a questão do descanso é trazida à “baila”. Não dormir devidamente (entre 7 a 9 horas/dia) e não respeitar uma média de 24 horas em cada treino vai gerar um aumento de fadiga muscular e, consequentemente, é muito mais difícil de “desempenar” e de desentorpecer o corpo.

Desde o início desta aventura que sempre tive alguns problemas em dormir horas suficientes e, pior do que isso, em dar espaço entre cada sessão de treinos, não respeitando muitas vezes 24 horas entre eles. A juntar a tudo isto, a ansiedade que gero nas vésperas de treinos longos ou particularmente duros e antes das provas também não me deixa descansar. Acordo antes do previsto, quando consigo dormir, e sinto, desde logo, muitas dores musculares.

O facto de fazer treinos muito intensos e seguidos é outro dos erros mais comum. O organismo não regenera, entra em catabolismo e destrói a massa muscular em vez de assimilar as novas cargas. No primeiro ano foi algo de recorrente, isto porque planeava várias tipologias de treinos para uma mesma semana. Eram sempre treinos muito intensos, contemplava grandes distâncias a percorrer, todos os dias com subidas.

Nos treinos ao final do dia, outro erro que cometia era ingerir alimentos muito pesados, sofrendo depois de problemas intestinais. Passei por uma fase em que ingeria uma grande quantidade de frutos secos, o que também não foi benéfico. Neste campo, grandes quantidades de água também podem ser um transtorno. Por norma, bebo diariamente entre 2 l e 2,5l. Além de gostar de água, é algo útil para o organismo, mas não se deve ingerir uma grande quantidade de líquidos antes de um treino. Os rins não param o funcionamento por causa do exercício.

Outro aspeto negativo que pude observar nos meus treinos foi a tendência para fazer sessões longas em duras sob elevadas temperaturas, provocando desidratações muito repentinas.

Por último, a nível técnico, alguns dos erros foram (e, por vezes, ainda são): desgastar demasiado o calçado, não recorrer a géis antifricção, não usar hidratação durante os treinos, não levar abastecimentos, usar camisolas de algodão, não usar joelheiras ou perneiras.

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24
Abr19

Treino meu, treino meu, que corredor sou eu


João Silva

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Tenho uma passada supinada, ou seja, a parte da minha planta que assenta mais depressa e com maior frequência no chão é a externa (logo, há um desgaste na extremidade externa da sapatilha). Procuro usar calçado de corrida com um número acima do normal para deixar o pé respirar e tento que o amortecimento da sapatilha não obrigue a ponta do pé a assentar primeiro do que o calcanhar para não deslocar o equilíbrio da perna.

O meu pé esquerdo marca a intensidade da passada e o direito marca a velocidade.

Sinto necessidade de correr ligeiramente inclinado para a frente, sem abusar, mantendo uma linha reta desde a cabeça aos pés com ligeira inclinação, tal como “mandam” os livros. Os braços são movimentados com as pernas, ajudando na cadeia cinética e evitando posturas demasiado reclinadas para trás, que, além de perturbarem a coluna, criam "atrito".

O meu tipo de respiração pode ser considerado simples: inspiro uma vez pelo nariz e expiro uma vez pela boca. No início, fazia uma inspiração e duas ou três expirações, mas, com o avançar do tempo e com a experiência, percebi que ganho mais ritmo se fizer uma troca gasosa direta. Contudo, uma troca gasosa ímpar, por exemplo, duas inspirações e uma expiração, tem a vantagem de gerar uma passada irregular. Segundo consta no ramo da literatura sobre atletismo, esse tipo de passada permite evitar lesões, porque o pé que marca o ritmo é sempre diferente. Honestamente, nunca senti problemas a esse nível. Para ver como reagia, algures em 2018, tentei alterar a respiração para esse modelo nos treinos. O meu propósito era levar uma respiração nova para a maratona. É verdade que não dei o tempo que devia para tentar assimilar essas novas características, mas também é justo dizer que não me senti muito confortável. Uma troca gasosa par faz mais sentido para mim. Com este modelo, consigo respirar com o tórax em situações de maior velocidade e com o abdómen (como é mais adequado) em treinos e provas mais longas.

A minha passada é curta, o que ajuda na colocação dos pés, sem os submeter a um carga excessiva e sem maltratar os tendões. Nesse sentido, também adoto uma ligeira abertura dos adutores, para não desequilibrar a minha estrutura fisionómica.

24
Abr19

Pós-maratona: depressão, mito ou não?


João Silva

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A depressão no atletismo parece um fenómeno estranho, mas pode mesmo acontecer e é muito fácil de explicar: a serotonina e a dopamina levam-nos em bicos de pés até à meta. Depois desse momento, terminados os 42 km, o corpo entra em ressaca. Tal como sucede com o consumo de drogas, de bebida ou de comida em excesso, o cérebro sente falta de uma sensação de satisfação tão elevada como a anterior e, como não há hipótese de fazer outra maratona logo de seguida, não há euforia, não há explosão de felicidade. Logo, nada se aproxima daquela sensação mágica, começamos a entrar numa espiral de tristeza, a autoestima baixa drasticamente e, em última análise, o corpo começa a ressentir-se.

Vivi tudo isso na primeira pessoa e demorei a compreender o que era.

Continuava a treinar porque nunca senti que tinha de parar, como acontece com muitos corredores, mas a prestação baixou. Não deixei espaço para lidar com a “ressaca” e para perceber que o corpo tinha mudado.

O ano estava a terminar e não tinha um objetivo definido com uma envergadura semelhante. Foi então que tomei conhecimento da realização de uma maratona em Aveiro em 2019. A partir daí, embora os treinos tivessem sido mais dolorosos devido às mudanças no meu organismo, senti que as minhas hormonas da felicidade e da realização pessoal me estavam novamente a levar em pontas. Ou seja: para corredores de fundo, a melhor forma de lidar com depressões de corrida é antecipar a calendarização de novas maratonas. Assim, o cérebro não perde o foco e a quebra não é tão grande. Contudo, para que isso funcione bem, também é necessário deixar entrar o descanso mental, a abstração das corridas, a não sobredosagem de treinos. É preciso respirar.

O tempo é o melhor amigo da reabilitação. O descanso tem de ser inseparável da evolução e da frescura física, os novos objetivos são vitais para criar um novo foco e para alimentar o cérebro e os treinos são a ferramenta perfeita para se chegar bem ao objetivo, mas é necessário calibrá-los, usar e abusar de sessões mais curtas e menos intensas no início. Cada um a seu tempo. A fase da “carga” e da dureza chegará mais tarde, portanto, fazer bem o percurso até essa estrada, para que não se trate de um beco sem saída.

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