1, 2, 3, uma entrevista de cada vez
João Silva
Em mais um "episódio" desta rubrica, trago-vos uma pessoa que encontrei nestas andanças de blogues.
Foi, na verdade, talvez dos primeiros a encontrar o meu canto.
Com o passar do tempo, tem-se vindo a criar uma ligação de simpatia, arrisco-me a dizer.
E, portanto, não podia ficar indiferente ao facto de o jovem em causa também ser um corredor, embora, no seu entender, seja "apenas" alguém que leva a corrida com um fator social, parafraseando: "como workout".
Seja como for, deixo-vos abaixo com a entrevista feita ao autor do blogue muito conhecido O último fecha a porta, que, após lerem as palavras do autor, podem visitar aqui.
Vale a pena e, para quem o segue no blogue, fica "revelado" o mistério, já que o poderão ver "de frente" e, quiçá, apoiá-lo em algum evento desportivo.
- Idade
31 anos
- Equipa
Individual
- Praticante de atletismo desde
Não diria atletismo, mas corrida de fim de semana desde meados de 2017
- Modalidade de atletismo preferida
Estrada
- Prefere curtas ou longas distâncias
Como tenho pouca resistência, opto por distâncias mais curtas (10 km)
- Volume de treinos por semana
Dois (um mais curto e outro mais longo)
- Importância dos treinos
Os treinos são importantissimos. Não há milagres. O nosso corpo só responde (sem lesões e sem “extras”) se for treinado para os objetivos. Procuro, sempre que possível, treinar em grupo, tendo a de na minha zona haver vários grupos amadores gratuitos de corrida. Com diferentes grupos e ritmos e com pessoas que também vêm correr depois de um dia de trabalho numa lógica de “workout”.
- Se tem ou não treinador
Não tem
- Diferenças existentes entre o atletismo passado e atual
Hoje em dia creio que há mais atletas nas corridas, seja estrada ou trail. Uns aderem por gosto, outros por moda, outros por arrasto, outros pela vida saudável.
Ao olhar para a agenda no dia de hoje, há uma enorme variedadede opções para o fim de semana, numa geografia reduzida. Muita oferta, umas mais comerciais, outras mais amadoras. Acho isso positivo, quer para a prática desportiva e saudável, quer para a própria dinamização das localidades.
Na minha opinião, está-se também a tornar numa indústria, onde a rentabilidade começa a ser procurada. Preços elevados para poucas contrapartidas. Porém, os atletas vão-se também ajustando ao que lhes interessa.
- Histórias insólitas, curiosas ou inéditas
Vomitei uma vez porque tomei o pequeno almoço 10 minutos antes de começar a correr. Numa subida e com mais esforço, “virei o barco”. Nunca mais comi iogurte antes de correr (risos).
- Aventura marcante
Foi num “grande prémio”. Foi a primeira e única vez que fui. O preço era acessível e perto de casa. Isso motivou-me a inscrever. Em pleno mês de julho, num sábado à tarde, quando cheguei, chamou-me a atenção estar pouca gente e tudo com t-shirts de clubes. Ao fim do primeiro quilómetro, já ia em último. E fui mesmo o último. Atrás de mim, vinha a amabulância e sentia o motor a fazer o meu ritmo. Pior, era a duas voltas e ia eu a acabar a primeira, já havia alteltas que tinham acabado. Não me meti mais em corridas dessas.
- Participação em prova mais longa
Será no Trail do Ermelo (21 km)
- Como vê o atletismo daqui a 5 anos
Vejo o atletismo como uma indústria e tentar a encontrar o seu ponto de equilibrio.
Com um mundo cada vaz mais tecnológico, já é possível com um leve e simples relógio ter todas as métricas e percursos de uma corrida. Perspetivo uma enorme evolução por essa via, com o aparecimento de novos players na medição de performance.
Por outro lado, nos últimos anos têm aparecido muitos eventos e novas variedades, desde corridas, trails e em 2019 muitas provas de obstáculos (chamados “challenges”).
Com tanta oferta e sem saber se o número de participantes consegue acompanhar, têm desurgir ideias diferenciadoras: criatividade, novas formas de negócio, novos prémios aleatórios, cross selling, medalhões de várias provas, parcerias cada vez intensas com ginásios, ofertas de inscrições e até leilões de descontos já se veem. Ao nível de marketing, vai haver ainda mais agressividade. Daqui a cinco anos, prevejo mais participantes (o que me parece muito bom em termos de combate ao sedentarismo e a bons hábitos de saúde), mas também mais pressão comercial sobre os atletas.
Mesmo que uns adiram por moda, conseguirão estas ideias reter os corredores?
- Como se vê no atletismo daqui a 5 anos
Se não tiver lesões, já será bom sinal. Como gosto de correr, gostava de continuar neste desporto. Revejo-me a continuar no meu amadorismo e como workout, sempre na desportiva, melhorando o meu ritmo e resistência e ambicionando distâncias um pouco maiores. Gostava também de experimentar novas corridas e trails todos os anos.