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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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03
Fev22

1, 2, 3, uma entrevista de cada vez


João Silva

Nem todos os atletas têm de andar motivados o tempo todo. Na verdade, a motivação vai e vem ao sabor dos objetivos e da realidade que nos rodeia.

No dia em que propus esta entrevista à minha convidada, encontrei-a numa fase de menor fulgor. Não admira! Esta época maluca que vivemos, de uma forma ou de outra, acaba por nos afetar. A ela retirou-lhe a vontade de treinar. E há mal nisso?

Propus-lhe então fazer deste conjunto de pontos uma espécie de trampolim para, eventualmente, encontrar a motivação. Espero que ajude todos a perceber que ninguém é imune a quebras de vontade e que não há mal nenhum nisso. No fim de contas, correr é uma terapia, mas ninguém disse que não pode ser também a causa do problema. 

Por outro lado, viajar naquilo que nos fez e faz querer correr pode ajudar a desbloquear a cabeça. E a cabeça é que manda.

A minha entrevistada dá pelo nome de Carla Freire e desde o início que a conheço como uma pessoa simpática e muito sorridente, que, claramente, corre pelo prazer que tem em sofrer nas grandes distâncias. Mas sofrer a sorrir não é para todos.

Fiquem, pois, com a Carla Freire:

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Foto: primeiro trail, MUT em 2017

Nome

Carla Freire

Idade

Índia desde 1975

Praticante de atletismo desde

 Desde 2015 mais coisa menos coisa. Sem filiação em equipas.

Modalidade de atletismo preferida

 Trail running

Prefere curtas ou longas distâncias

 Longas e devagarinho para desfrutar bem dos trilhos e no fim só mexer os olhinhos.

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Foto: primeira ultramaratona, Trail dos Abutres, 44 km em 2019

Na atual equipa desde

2017

Volume treinos por semana

Atualmente nenhuns. Mas quando corria qualquer coisita fazia 3 treinos por semana.

Importância dos treinos

Os treinos são importantes para ajudar a atingir os objetivos a que nos propomos e sem dúvida para nos fortalecer e evitar lesões.

Se tem ou não treinador

Não

Diferenças existentes entre o atletismo passado e o atual

Não faço ideia. Sou apenas uma corredora amadora. Corro pelo meu bem-estar físico e psicológico. Mas acho que se tem ganho mais adeptos ao longo destes anos.

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Foto: primeiro pódio, Fktrail 2019.

Histórias insólitas, curiosas ou inéditas

Uma história inédita. Eu a chegar à meta de noite na Ultra de Sicó em 2020, fartinha de andar por lá e a primeira coisa que disse quando cheguei foi uma grande asneira. Mas grande mesmo! E logo por azar o speaker Hugo Águas coloca o microfone perto da minha boca para me fazer uma pergunta e ouve-se o palavrão alto e em bom som por Condeixa e arredores. Foi o timing perfeito. Morri!

Aventura marcante

Tenho várias. A minha primeira experiência com o trail na prova do Mut 10 km em 2017 na companhia da minha sobrinha, ex-laranjinha (alcunha de quem representa a ARCD Venda da Luísa). A minha primeira Ultra nos Abutres, 44 km, em 2019 com um entorse feito a 8 km da meta. O meu primeiro pódio no FKTrail em 2019 na companhia da minha amiga e companheira de treinos Carla Patrícia. Prova em Portalegre, Trail dos Reis, 46 km, em 2020 onde fiz mais um entorse logo aos 5 km, ainda consegui chegar ao último abastecimento e já levava 40 km. Aí fui barrada por 7 minutos. Caiu-me tudo. Tanto esforço, dor, determinação para nada. Completamente frustrada. Ainda hoje culpo o Zé das fotos! (Risos

MUT, 24 km, em 2021, onde me perdi e fui desclassificada. Descabelada e cheia de silvas no cabelo, mas cortei a meta! #atéuivas

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Foto: trail dos Reis, 46 km, 2020

Participação em prova mais longa

Sicó 57 km

Objetivos pessoais futuros

Ultra Transpeneda (Gerês).

Participar num Mediofondo. 

Fazer a Rota das Carmelitas de bicicleta.

Como vê o atletismo daqui a 5 anos

A evoluir cada vez mais, assim espero.

Como se vê no atletismo daqui a 5 anos

Espero voltar a encontrar a minha motivação que perdi entretanto pela corrida.

Voltar a correr feliz. Sem medos. Sem lesões. Sem pandemia.

#Alwayswithasmile

Porque existem tão poucas mulheres a fazer atletismo e porque existem tão poucas pessoas em provas de grandes distâncias?

Existem poucas mas boas! Atualmente veem-se bastante mais e até a dar aquela malha nos atletas masculinos.

Existem diferenças de tratamento em relação aos homens?

Nunca senti isso.

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Foto: trail de Sicó, 57 km, em 2020

Como a Covid afetou a evolução como atleta?

Para além das lesões que me fizeram desmotivar e perder a confiança, a falta de tempo para treinar, o caos em que o país se encontra por causa deste maldito vírus deixou-me pessoalmente afetada. Deixei de ter vontade.

O que mudou nas provas com a pandemia?

Tudo! Para além da implementação de medidas de prevenção, testes, distanciamento, uso obrigatório de máscara, postos de abastecimentos reduzidos. Deixou de haver aquele convívio, aquela força energética dos apoiantes pelos trilhos fora. Perdeu-se um pouco a magia.

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Foto: MUT, 24 km, em 2021

Essas mudanças são boas para a modalidade?

Não. Acho que as pessoas sentem-se mais salvaguardadas ao não participar nas provas. Deixamos de ter aquela liberdade e perde-se um pouco o espírito do verdadeiro trail. Até aquele momento da partida fica diferente. É a minha opinião.

 

 

 

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