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O que não mata, engorda e transforma-te num maratonista

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

Em 2016 era obeso, hoje sou maratonista (6 oficiais e quase 20 meias-maratonas). A viagem segue agora com muita dedicação, meditação, foco e crença na partilha das histórias e do conhecimeto na corrida.

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04
Jan22

1, 2, 3, uma entrevista de cada vez


João Silva

Ano novo, entrevista nova para deixar a malta com vontade de partilhar experiências no mundo da corrida.

Hoje trago-vos um rapaz que já conheço desde finais de 2017, quando me juntei à equipa onde ele estava, a Casa do Benfica de Condeixa. Entretanto, juntou-se à minha equipa.

Já nos conhecemos bem e já corremos muitas provas na mesma equipa. Tínhamos o ritual de tirar uma foto conjunta antes de cada prova. 

E este jovem, que me chegou a dar boleia para algumas provas, é um belo colega de equipa. Não se coíbe de chamar pelos colegas quando passa por eles ou quando estes seguem à sua frente. 

Sem me querer alongar muito, diria que ele tem uma enorme paixão pela corrida, que, entretanto, já tratou de passar para a filha.

Fiquem, pois, com o Tiago Pires.

Nome

Nuno Tiago Santos Pires

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Foto: início da história do Tiago nas corridas

Idade

37

Equipa

 ARCD Venda da Luísa Trail

Praticante de atletismo desde

Época 2015/2016     

   

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Fotos: as primeiras provas como individual                        

Modalidade de atletismo preferida

Gosto de correr mais em estrada, porque consigo mais facilmente manter o meu ritmo de corrida e fazer melhores tempos a nível pessoal. No entanto, nunca colocobprovas de Trail de parte, pois é nelas que se vive e se desfruta completamente da Mãe Natureza.

Prefere curtas ou longas distâncias

Curtas, sem dúvida nenhuma, mas gosto de grandes desafios.

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Foto: primeira prova na equipa Casa do Benfica de Condeixa

Na atual equipa desde 

Época 2020/2021

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Foto: início da época 20/21 na nova equipa, q ARCD Venda da Luísa

Volume de treinos por semana

Infelizmente não faço qualquer treino, durante a semana,  pois o tempo que existe é pouco ou nenhum devido à minha vida profissional e pessoal. No entanto, quando arranjo uma hora ou um tempinho livre, tento ir esticar um pouco as pernas.

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Foto: São Silvestre de Coimbra, com a melhor marca pessoal e com o apoio da sua maior fã.

Importância dos treinos

Sinto que me faz falta treinar, pois a importância que eles teriam para mim seria enorme, porque o meu rendimento, os meus tempos, os meus objetivos e, principalmente, a minha saúde iriam ser outros e também preveniria possíveis lesões. Resumindo: para praticar atletismo, é muito importante treinar.

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Fotos: regresso às provas no segundo pós-Covid e primeiras provas na nova equipa

Se tem ou não treinador

Não tenho, mas gostava de ter um preparador físico, que me ensinasse e me preparasse em condições.

Diferenças existentes entre o atletismo passado e atual

Bem as diferenças são enormes do atletismo passado ao atual. No passado, as condições eram piores a todos os níveis. Por exemplo, queríamos adquirir equipamento pessoal e praticamente não havia grande escolha, queríamos ir participar na prova seguinte e não havia meios para ir, as pistas de atletismo eram de terra batida, os meios de combater lesões não eram os mesmos. Enfim, inúmeras situações que podia dar como exemplo, mas ainda bem que o atletismo tem evoluído a todos os níveis. Penso que tem tudo para evoluir ainda mais, pois os recursos para essa evolução estão mais próximos e acessíveis. Nós, como atletas que procuramos ser, temos de tentar acompanhar essa evolução, pois só vai trazer vantagens para a prática do atletismo.

Histórias insólitas, curiosas ou inéditas

Neste caso, tenho mesmo muito para dizer, ou melhor, tenho muitas histórias que posso relatar desde que me iniciei como praticante de atletismo em 2015. Histórias para rir,  para ficar de "boca aberta", enfim, de tudo mesmo.

Uma vez, ou melhor já me aconteceu várias vezes, deitei-me tarde no dia antes da prova e no dia seguinte adormeci. Quando acordei, arranjei-me à pressa e fui o mais rápido possível. Faço-o sempre que me acontece. Nessas situações, as provas correm-me bem a nível de tempos. Parece que é preciso adormecer para ir com a " Pica" toda para fazer boas provas.

Na minha 1 º participação na prova do CASTELLUM TRAIL, aconteceu-me uma história inédita e um pouco curiosa, pois pensei várias vezes em desistir quando estava na zona da partida. Isto porque chovia tanto, trovejava tanto, enfim, estava um tempo horrível, que ninguém queria apanhar, mas chegada a hora da partida, eu lá fui e cheguei ao fim, sem que nada me acontecesse, mas posso dizer que durante toda a prova tive medo de não ficar inteiro e de não alcançar a meta. Bem posso dizer que era o atleta mais "medroso "daquela prova (risos).

Enfim, tive provas em que a lama era tanta que me fartei de cair. Era cada queda que vários atletas que vinham atrás ficavam de boca aberta e perguntavam-me "Estás bem? Aleijaste-te?". Eu respondia simplesmente "Está tudo bem, não foi nada!!!" Mas lá no fundo estava cheio de dores e seguia em frente na prova, sem que nada fosse.

Bem, podia relatar muitas histórias , que já vivi durante as provas e treinos que fiz desde que pratico atletismo, mas há uma que me diz muito e essa vou contá-la , pois é a mais importante de cada prova em que participo. Essa história tem o nome de "Meta", o ultrapassar dela.

" Meta" para mim é uma palavra com tanto significado, palavra esta que se usa para dizer "Alcancei-a!!". É necessário batalhar muito, ter muita força, dedicação, empenho e coragem para ir em busca dela. Podemos estar mal, sem forças, sem nada, podemos pensar que já não há nada a fazer e o melhor é desistirmos, mas não... como se costuma dizer, "Há sempre uma luz ao fundo do túnel", uma força que vem de dentro de nós, uma energia que faz de nós seres-vivos bem vivos e prontos para o que nos aparecer a frente.

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Fotos: Campeonato Distrital de Atletismo em Pista em Coimbra

Aventura marcante

Bem neste ponto, não lhe vou chamar de "Aventura", mas sim o momento que me marcou mais desde que comecei a ser praticante de atletismo:                             

28-08-2021

Corrida 4 Estações Portugal - Soure

Após 15 meses sem fazer nenhuma prova de estrada devido à pandemia, finalmente chegava o desejoso dia de voltar a correr na estrada, dia este que eu ansiava há muito tempo e foi logo com um regresso muito especial que jamais vou esquecer. Foi uma prova emblemática para mim e, sem dúvida nenhuma, teve uma excelente organização, como sempre nos habituaram a ter.

Foi especial, só porque cheguei ao fim?! Não, foi especial porque, foi dia de estreia da minha Princesa, a minha Força, o meu Futuro, o meu TUDO fazer a sua primeira prova.

Não imaginam o orgulho que tive, o turbilhão de sentimentos que iam dentro de mim, o feliz que estava, não existem mesmo palavras para descrever o momento que estava a viver e a presencear.

A minha pimpolha adorou, ficou feliz e súper contente, mas nem tudo foram rosas, pois, no final da sua prova, virou-se para mim e disse "papá não me diverti muito, tu puxaste muito por mim". A mim, claro, só deu vontade de rir de felicidade e pensei: "Hoje fui eu a puxar por ti, amanhã serás tu a puxar por mim, quando o papá tiver uns aninhos valentes nestas pernas e se ainda andar nestas vidas". Resumindo: este dia para mim foi e será sempre o mais marcante nesta vida de atleta. 

Participação em prova mais longa

A prova mais longa, pelo número de quilómetros e pelo tempo que demorei desde que pratico atletismo, foi, sem dúvida alguma, a edição do "Coimbra Trail", no dia 29 de Setembro de 2019 , quando percorri 26 km em 5h14m, altura em que ainda representava a minha antiga equipa, a "Casa do Benfica de Condeixa".

Falando um pouco da minha prestação nesta prova, foi uma prova que me marcou bastante e que me fez pensar se realmente queria continuar ligado ao atletismo, isto porque tinha estado parado, sem qualquer prova durante alguns meses e já há algum tempo que queria participar no Coimbra Trail. Como tive oportunidade nesse ano, decidi participar e não pensei na minha preparação pessoal, mas, como gosto de grandes desafios, fui logo para a prova dos 26 km, não sabendo as dificuldades que iria encontrar, pensando eu que simplesmente iria desfrutar ao máximo da prova em si, mas não foi isso que aconteceu, pois nesse dia estava bastante calor. Fisicamente, estava sem ritmo nenhum, com peso a mais e sem qualquer preparação, pensei desistir por várias vezes, mas pensava sempre "se tu gostas de te superar, tens de ter forças para chegar à meta..." e continuei sempre, tendo conseguido chegar ao último abastecimento, sem forças nenhumas para concluir a prova. Pensei "é agora que vou desistir, não consigo mais continuar, não tenho condições de o fazer...". Mas não foi isso que fiz, aproveitei que estava no abastecimento e bebi bastante água, digeri alguns alimentos, descansei um pouco e decidi que não era ali o fim da minha participação, e continuei para a desejosa meta alcançar. Assim foi: passados alguns quilómetros e algum tempo, lá cheguei ao fim, com um tempo de prova bastante elevado (5h14m) para.omque tinha projetado, mas cheguei muito feliz porque tinha chegado ao fim como me tinha proposto inicialmente e mostrei a mim mesmo que, com garra e muita dedicação e uma força extra, nada é impossível de alcançar.

                                                   

Objetivos pessoais futuros

A nível de objetivos pessoais futuros, posso dizer que tenho bastantes: quero bater recordes pessoais nas provas que repetir e, a nível de competição, sem dúvida nenhuma, para mim o principal que quero alcançar este ano, ou melhor,  está época, é ficar nos três primeiros lugares do Circuito Distrital de Trail Running de Coimbra-Curto ou nos cinco primeiros, pois na época anterior obtive o 7.° lugar por ter falhado 2 provas do circuito devido à pandemia. Basicamente, quero afirmar-me no Campeonato Distrital de Trail Running.  

Como vê o atletismo daqui a 5 anos

Com mais praticantes, com outras condições. Anível de competição, será mais elevada e, possivelmente, com mais apoio a nível de equipas e a nível pessoal. Resumindo: espero que não se pratique atletismo só por ser moda mas sim como exemplo a seguir e pelo bem que faz à nossa saúde.    

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Fotos: corrida 4 estações em Soure, em outubro de 2021, com a filha, que fez a sua primeira prova de corrida

Como se vê no atletismo daqui a 5 anos

 Muito sinceramente, não sei se estarei a praticar atletismo, daqui a 5 anos pois a saúde já não vai ser a mesma, as condições e os apoios mão poderão ser melhores. No fundo, é muito imprevisível dizer que estarei daqui a 5 anos a praticar atletismo, mas uma coisa tenho a certeza, não vou desistir assim do nada.

Como é que a COVID afetou a evolução como atleta

O Covid, afetou-me bastante como atleta e a nível geral penso que afetou todos os atletas por esse mundo fora, pois deixaram de existir provas devido ao isolamento obrigatório, deixou-se de treinar, os cuidados com alimentação foram outros. A nível pessoal , eu usava certas provas como treinos e o ritmo/preparação era outro completamente diferente. Começar agora novamente foi como começar do zero.

O que mudou nas provas com a pandemia

Novas regras sanitárias, as condições foram para pior, os incentivos são poucos ou nenhuns, os preços das inscrições aumentaram bastante e as ofertas são nenhumas, enfim, acho que certas organizações vêm o atletismo como fundo de lucro e não como um bem para a prática de desporto.

Essas mudanças são boas para a modalidade?

Não, são péssimas, pois "estávamos" a ir no bom caminho e parece que tudo começou do zero.

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