1, 2, 3, uma entrevista de cada vez
João Silva
Trago-vos uma novidade nesta rubrica: um atleta que vale por três. E por que digo isso? Porque se trata de um triatleta. Pela paixão que tem pelo desporto e pelo "currículo" desportivo, este homem é um autêntico "faz-tudo". Pela dureza e pela especificidade técnica, o triatlo fascina-me (quem sabe, um dia?!).
Sem mais demoras, apresento-vos o Fernando Martins, que ainda não conheci pessoalmente, mas por quem já nutro uma grande simpatia.
E, uma vez mais, a idade é apenas um número.
O significado e o peso são dados por cada um de nós.
Fiquem, pois, com a entrevista ao Fernando Martins:
Nome
Fernando Martins
Idade
63 anos
Equipa
ARDC Venda da Luísa, Cães de Caça BTT
Modalidade
Pratico regularmente ciclismo nas modalidades de BTT e de estrada. Ocasionalmente faço natação para tentar fazer alguma atividade física durante a semana.
Há quantos anos pratica a modalidade? Sempre mantive uma atividade física regular. A modalidade foi-se ajustando aos meus imperativos profissionais ou geográficos. Durante a Faculdade joguei rugby na AAC e no Rugby Club de Coimbra. A corrida foi sempre uma atividade alternativa quando não podia fazer mais nada. Pratiquei Judo no ACM tendo conquistado um título nacional de veteranos. Quando estive a residir na ilha da Reunião comecei a correr pelas colinas acompanhando o desporto nacional que é o Trail. Foi lá que participei no meu primeiro Trail e participei em duas provas da Mascareignes (uma das provas da Diagonale de Fous) e na Zembrocal, provas de 67 km. Na ilha deslocava-me frequentemente para o trabalho de bicicleta, aproveitando o sol que nascia pelas 5:30 da manhã e se escondia por volta das 18 horas.
Porquê o triatlo?
Quando regressei a Portugal (finais de 2017) a minha atividade profissional condicionou a minha disponibilidade para treinar regularmente. A alternativa foi começar a natação à hora de almoço pelo menos duas vezes por semana n(em sempre possíveis). Foi nesse momento que surgiu o desafio do Triatlo tendo conseguido fazer o meu primeiro Triatlo em 2019, na distância olímpica na Pampilhosa da Serra.
Qual a vantagem de juntar as três modalidades?
Esta modalidade ganha vantagens com o envelhecimento. Permite-nos trabalhar muito em endurance, para provas longas, fazer treinos de intensidades elevadas sem sobrecarregar as articulações, graças à natação e à bicicleta.
Como se treina na generalidade e na especialidade?
Eu treino como posso, em função do tempo disponível e das ocasiões. A gestão da atividade profissional e da vida familiar são importantes para manter o equilíbrio físico e emocional.
Como se combina tudo para funcionar bem?
Não é fácil, com as deslocações para o trabalho, o trabalho, a família, os amigos e o cansaço.
Tem treinador?
Não tenho treinador porque o meu estilo de vida não me permite assumir compromissos de treino. Sem assumir compromissos, não vale a pena ter treinador. Penso nisso muita vez, mas resisto a assumir mais um compromisso.
Modalidade em que é melhor e modalidade em que não é tão bom?
A natação é para mim a parte mais difícil. Aprendi a nadar sozinho, melhorei um pouco a técnica com a ajuda de livros específicos, mas nunca tive nenhum monitor que corrigisse a minha frágil técnica. Também só comecei o ciclismo há 10 anos e fui aprendendo lentamente que a pedalagem também tem segredos e também se aprende. Do BTT à estrada foi um percurso que fiz com o prazer do esforço e da aprendizagem. Na corrida deixei de dar importância à velocidade a favor da endurance, fugi do asfalto e fui para a terra a fim de reduzir o impacto articular. Não sou muito bom em nenhuma, tenho prazer em todas, mesmo no castigo que é para mim a natação.
Existem muitas provas de triatlo em Portugal?
A federação de Triatlo tem um circuito bem organizado e intenso e há também um calendário de Triatlo Norte que organiza um circuito que se interliga com o da FPT.
E equipas?
Pouco sei sobre as equipas existentes. Pratico individualmente.
Como se escolhem as provas de treino (intermédias) para os grandes desafios?
A idade facilita-me as escolhas. A idade traz compromissos ligados à atividade profissional que condicionam o tempo livre; mas o maior condicionante à participação em provas é a necessidade de permitir ao corpo a recuperação após esforços. O tempo para recuperar é a minha maior condicionante, uma vez que com o avançar da idade o organismo necessita de mais tempo para recuperação.
Obstáculos colocados pela Covid-19
Como estamos a falar de modalidades que podem ser treinadas individualmente, só me faltou a companhia regular para ter motivação para treinar. A ausência de objetivos competitivos levou-me a relaxar o treino. O fecho das piscinas levou-me a interromper os treinos respetivos e de melhorar a técnica.
Objetivos - Como se vê no desporto daqui a 5 anos?
Não imagino a minha vida sem uma atividade desportiva e sem uma meta competitiva. Não sei por quanto tempo o meu físico vai aguentar a carga mecânica desta modalidade, mas espero andar por aqui mais alguns anos.